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2006-10-18
O buraco de ozônio em 2006 bateu novo recorde, alcançando 29,5 milhões de km² de extensão, superando a marca registrada no ano 2000, de 29,4 milhões de km². Isto mostra que a quantidade de gás presente na alta atmosfera ainda é muito grande e deve persistir por várias dezenas de anos (como exemplo, o cloro fica ativo na atmosfera durante 100 anos)

“O gás presente hoje na Antártica foi lançado na atmosfera há mais de 10 anos e, mesmo que a sociedade tenha controlado a emissão dos CFCs, o efeito de destruição permanecerá por muito tempo”, explica Neusa Paes Leme, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que integra o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

A comunidade científica acreditava que o buraco de ozônio tivesse alcançado a sua dimensão máxima em 2000 e que, a partir de então, o quadro iria se estabilizar e teria início uma lenta recuperação. Nos anos de 2003 e 2005, o buraco apresentou grande destruição de ozônio e seu tamanho variou em torno deste patamar máximo. “Para 2006 esperava-se uma atividade moderada com um novo aumento em 2007, no mesmo padrão dos anos de 2003 e 2005”, comenta a pesquisadora.

Por causa deste recorde, outros cálculos estão sendo feitos e a nova previsão de recuperação gira em torno do ano de 2070. Segundo a Dra. Neusa Paes Leme, são estimativas teóricas e que devem ser reavaliadas até o quadro se estabilizar. A camada de ozônio é o único protetor natural da Terra contra a radiação ultravioleta, nociva aos seres vivos.

Laboratório de Ozônio do INPE
O Brasil tem medido a camada de ozônio e a radiação ultravioleta desde 1990, através do PROANTAR. Dentro deste programa, O Laboratório de Ozônio do INPE tem realizado medidas contínuas em Punta Arenas e na Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz.

Pela primeira vez, em 1995, foi medida por sondas em balão e por instrumento de solo a destruição da camada de ozônio sobre a cidade de Punta Arenas, sul do Chile. “Estes dados foram muito importantes, pois alertaram a população de que o buraco estava maior do que a Antártica e atingindo o sul do continente americano”, conta a pesquisadora Neusa Paes Leme, destacando que naquele ano o satélite da NASA não estava operando e, por isso, as medidas por balão e instrumentos de solo feitas pela equipe do INPE foram decisivas para detectar o problema.

Em 2005, as medidas mostraram um novo alerta para o sul do continente americano. O Buraco de Ozônio, com 27,500 milhões de km², permaneceu durante vários dias sobre o sul do continente americano, produzindo efeitos sobre a camada de ozônio no sul do Brasil.

As medidas realizadas pelo INPE em setembro e no início de outubro deste ano, em Ferraz, mostram uma destruição de 60% da camada de ozônio sobre a região, dano tão intenso quanto em 2003 e 2005. Espera-se que a camada volte ao normal apenas no início de novembro. Quanto à radiação ultravioleta, neste ano os índices UV em Ferraz aumentaram 400% em setembro e outubro, mesmo considerando o tempo encoberto e com nuvens.

Novas questões
A pesquisadora destaca que novas perguntas se impõem à comunidade científica.

Com o ozônio sendo destruído ainda por muitos anos, o que acontecerá com a temperatura na alta atmosfera?

A ausência de ozônio faz a temperatura nesta região diminuir. Já o Efeito Estufa, que é um outro fenômeno produzido por outros gases poluentes, faz com que a temperatura da superfície da Terra aumente. O que vai acontecer entre estes dois efeitos; eles mudarão a circulação da atmosfera?

O que vai acontecer com a química dos outros gases?

Como está sendo o impacto da radiação ultravioleta na vegetação, no oceano, nos microorganismos? (No ser humano, já está sendo registrado um aumento de câncer de pele).

“Portanto, ainda teremos que conviver com esta destruição por muitos anos e os cuidados com a radiação ultravioleta e a observação da variação da camada de ozônio devem continuar”, conclui a Dra. Neusa Paes Leme.
(INPE, 17/10/2006)
http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=833

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