Empresa lança programa de incentivo ao plantio de soja não transgênica
2006-10-18
A dificuldade de obter soja convencional no Rio Grande do Sul levou a Solae Company a lançar em agosto um
programa de incentivo ao plantio do grão não-transgênico, iniciativa que vai garantir pelo menos 30 mil toneladas
para a próxima safra. O volume corresponde a apenas 25% da necessidade da empresa projetada para 2007, mas
representa um montante três vezes maior do que o conseguido este ano no estado, dominado pelas lavouras de
soja transgênica.
O gerente de qualidade da Solae, Daniel Casara, diz que o volume contratado ficou um pouco abaixo da
expectativa, que era de até 40 mil toneladas. Mesmo assim entende que o resultado foi positivo porque a empresa
planeja conseguir no Rio Grande do Sul toda soja convencional que necessita somente "em três ou quatro anos".
Fabricante de proteína de soja, produto empregado em vários tipos de alimentos por questões nutricionais ou de
prevenção de doenças, a Solae é uma joint-venture entre a Bunge e a DuPont, com unidade fabril em Esteio, região
metropolitana de Porto Alegre.
Para incentivar o agricultor gaúcho a plantar soja convencional, a Solae criou um programa que prevê garantia de
compra, pagamento de prêmio (8% ou R$ 2,40 a mais por saca), financiamento da lavoura, fornecimento de todos
os insumos necessários e assistência técnica para a segregação dos grãos. "Conseguimos contratar estas 30 mil
toneladas com uma grande cooperativa, com alguns grandes produtores e outros pequenos agricultores", diz
Casara, acrescentando que apenas a cooperativa – que prefere não revelar o nome – irá garantir 40% do volume
total. Segundo ele, quase que em 100% dos contratos a preferência foi pelo prêmio de 8% em detrimento do
pagamento de R$ 2,40 a mais por saca. Para Casara, o grande atrativo do programa está no pacote de vantagens,
mais do que o prêmio. Além disso, o produtor não precisa pagar os 2% de royalties exigidos pela Monsanto para a
soja geneticamente modificada.
Casara entende que, além da soja contratada a partir do programa, a Solae poderá obter no Rio Grande do Sul
cerca de 10 mil toneladas a mais do grão convencional no mercado spot e parte disso pode ser garantido pelo
programa de troca-troca criado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que fornece sementes
certificadas a pequenos agricultores e recebe as transgênicas que multiplicadas pelos próprios produtores nos
últimos anos. Segundo Casara, mesmo quem não aderiu ao programa no estado poderá receber o prêmio de 8% se
comprovar ter lavoura convencional.
A Solae deve processar 100 mil toneladas de soja não-transgênica. Apenas 10% do total obtidas no Rio Grande do
Sul. Para garantir o suprimento, a empresa teve de adquirir soja do Paraná e do Mato Grosso do Sul. "Comprando
soja no Paraná a gente paga mais pelo frete", lembra Casara, explicando que uma das razões do incentivo ao
plantio no Rio Grande do Sul é a redução de custos. Para safra 2006/2007, a Solae acredita ainda que irá conseguir
cerca de 10 mil toneladas em Santa Catarina.
(Por Caio Cigana, Gazeta Mercantil, 18/10/2006)
http://www.gazetamercantil.com.br/integraNoticia.aspx?Param=7%2c0%2c1%2c255824%2cUIOU