Racionamento de mais de dez meses obriga os 110 mil habitantes de Bagé a se adaptar aos contratempos
2006-10-17
A população de Bagé convive há 10 meses e 15 dias com racionamento de água. A falta de
chuvas regulares nos últimos três
anos e um déficit hídrico que já supera 3,5 mil milímetros obrigaram o Departamento de
Água e Esgotos do município (Daeb)
a decretar a medida de contenção no início de dezembro do ano passado. De lá para cá, a
autarquia não conseguiu liberar a
distribuição de maneira integral por um dia sequer em nenhuma área da cidade. Hoje, o
racionamento é de 18 horas diárias.
No início, a população de Bagé ocupava todos os espaços possíveis nas emissoras de rádio e
em jornais para protestar contra
a falta de água. Com o passar do tempo, ela foi alterando hábitos e buscando formas
alternativas para armazenar o produto.
Hoje, já não há protestos sistemáticos, mas sim esperança de que chova com maior
freqüência. A comunidade também cobra da
administração municipal a construção de um grande reservatório, capaz de abastecer a
população de 110 mil habitantes mesmo
nos períodos de estiagem prolongada. Um comerciante do bairro Ibajé, zona Oeste da cidade,
diz que o racionamento obrigou
as pessoas a se adaptarem à situação. Além da caixa de água, são utilizados galões e
garrafas para o armazenamento. O
morador lembra de que desde 1989 a região sofre com a falta de chuva. Outro comerciante,
residente na vila Gaúcha, reclama
de prejuízos. Diz que é obrigado a fechar mais cedo a lancheria, no bairro Santa Tecla,
para tomar banho, quando a água
chega às torneiras de sua casa. "A estiagem não é culpa dos governantes, mas a falta de
precauções, sim."
O governo do município reivindica ajuda federal enquanto aguarda chuvas mais regulares e
busca alternativas imediatas para
abastecer a população. Há cerca de dois meses, a Secretaria Nacional de Recursos Hídricos,
do Ministério da Integração
Nacional, aprovou a liberação de verba para elaboração do projeto de uma nova barragem em
Bagé. Após, o prefeito Luiz
Fernando Mainardi deve voltar a pedir apoio da União para a execução da obra.
(Correio do Povo, 15/10/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp