MAU OZÔNIO TAMBÉM É UM PROBLEMA
2001-10-16
O equilíbrio físico-químico do ozônio é um sistema complexo. Enquanto as pessoas precisam dele em altitudes acima de 20 quilômetros do nível do mar (atmosfera), ele se torna um perigo em baixas altitudes (troposfera). Em grandes cidades, como São Paulo, que tem altos níveis de emissão de poluentes, o ozônio é formado por reações químicas envolvendo substâncias como dióxidode nitrogênio (NO2) e compostos orgânicos voláteis (VOCs), que resultam da combustão incompleta de combustíveis fósseis. - Essas substâncias são ativadas pela luz do sol, numa complicada sequência de reações, detalha Dráusio Barreto, químico da Companhia Tecnológica de Saneamento de São Paulo (Cetesb). Ele diz que em 2000 a concentração de ozônio na cidade esteve acima dos níveis permitidos pelas normas técnicas durante 67 dias. - Somente em janeiro deste ano, a carga de ozônio ficou 16 dias acima do limite, acrescenta. Os problemas de saúde ligados à superexposição ao ozônio de baixas altitudes - o mau ozônio - vão de simples dores de cabeça até problemas respiratórios crônicos, como bronquite e asma. O governo da cidade de São Paulo já gastou US$ 2 milhões, no ano passado, por causa de problemas respiratórios da população. Dirceu Sole, pesquisador da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia, descobriu, em seus estudos, fortes relações entre mortalidade por causas respiratórias e concentração de ozônio no ar de São Paulo entre 1984 e 1994. Délcio Rodrigues, físico ligado ao movimento Greenpeace no Brasil, acusa as autoridades por não fazerem nada para parar a poluição do ar causada pelo mau ozônio. - O governo não tem vontade política, assinala. Mas além das ações das autoridades, todas essas estatísticas evidenciam que a população precisa saber mais sobre os limites de exposição do corpo ao sol. A primeira mudança, seja em cidades pequenas como Albatroz, ou em megalópolis como São Paulo, parece ser a transformação no comportamento individual.