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2006-10-17
No tempo das cavernas, quando o homem passou a dominar o fogo, descobriu uma nova forma de viver. Pôde comer alimentos que antes não comia, mudando, assim, sua dieta alimentar; prolongou o seu dia, porque passou a dominar a luz artificial, pôde aquecer-se com o calor emitido pela fogueira e afugentar animais ferozes que rondavam os espaços domésticos. Hoje, com sofisticadas técnicas de produção de energia, o debate que se acende é a análise das conseqüências dos usos das energias alternativas para o ambiente. Um dos tipos de energia que gera mais polêmica é a energia nuclear. Muitos a defendem com veemência, enquanto outros a condenam completamente. Desde que foram construídas as usinas nucleares em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro, o assunto entrou nas rodas de debates de ecologistas, políticos e usineiros do País.

É um engano pensar que somente pelo fato de o Brasil possuir as maiores reservas de urânio do mundo viabiliza, por si só, a produção de energia nuclear no País, segundo observa Maria Eulália Tarragô, professora e doutora da disciplina de Física Nuclear da PUCRS. “Gosto de citar como fontes de energia elétrica e renovável a energia solar, a hidrelétrica e a eólica, que se dá através da radiação solar, da queda das águas e da força dos ventos. A construção e o funcionamento desses complexos não causam impacto ambiental tão grande, além de serem desativadas sem maiores problemas. Mas não é o que ocorre com a energia nuclear”.

A dificuldade do uso da energia nuclear reside na matéria utilizada, que não é o minério de urânio da forma como é encontrado na natureza. Para que ele se torne combustível, deve sofrer um processo de beneficiamento. “O problema está no fato de que, se a construção de uma usina nuclear não causa um impacto ambiental tão significativo quanto uma hidrelétrica, possui um tremendo resíduo radioativo, que leva milhares de anos para desaparecer”, argumenta a professora.

Outro complicador é o risco de acidente em uma usina, onde as conseqüências são sempre catastróficas. Para a professora, o Brasil não precisa de energia nuclear, pois possui muitos recursos naturais a serem explorados, como os hídricos, do qual só se aproveita 25% do seu potencial, além da energia solar e a eólica.

“O armazenamento do lixo atômico também é um problema muito sério, pois nunca haverá uma ótima solução para o seu destino. Por isso reitero que não vale a pena investir em energia nuclear, tendo em vista todos esses malefícios envolvidos, além da sempre assustadora possibilidade de um desastre nuclear. Ressalvo, entretanto, que ela é necessária na medicina, mas para tanto bastam os reatores de pequeno porte, e não uma usina para produzi-lo”, defende Maria Eulália.

Existem vantagens no uso da energia nuclear?

Os benefícios provenientes no uso dessa energia são compensadores, segundo afirma Sérgio Möller, doutor e coordenador do Departamento de Energia Nuclear da UFRGS. “Com a energia nuclear evitaríamos a perda de muitos alimentos produzidos em nosso Estado, como a cebola, por exemplo, que poderia resistir aos fatores externos e ao tempo. Existem também outras vantagens. Na medicina ela é fundamental em exames de radiodiagnósticos, radiotratamento e tomografia, assim como para a esterilização de material hospitalar embalado, evitando maiores riscos de contaminação em comparação ao método tradicional”.

No Brasil optou-se pelo urânio enriquecido, tecnologia conhecida e dominada pelos cientistas nacionais, apesar do seu enriquecimento ainda não ser feito no volume necessário, embora se domine todo o conhecimento para fazê-lo. Nesse sentido, o País também conta com um parque industrial bem desenvolvido.

E inegável que toda a forma de produção de energia elétrica altera o meio ambiente. A energia eólica influencia na direção dos ventos, as hidrelétricas inundam as áreas próximas, desalojando os camponeses de suas terras, entre outros inconvenientes. A grande vantagem da energia nuclear é a não-emissão de gases na atmosfera, porque não há combustão, ou seja, não há queima de resíduos, como aponta Möller. “Temos que pensar que o nosso maior inimigo a curto prazo é o efeito estufa, e que temos um futuro próximo de alterações climáticas. Por isso, urge buscarmos novas alternativas energéticas, e a energia nuclear é a que melhor supre essas necessidades”.

Outros países da Europa e da Ásia, como o Japão, investem maciçamente em energia nuclear, mas isso porque não possuem outras fontes naturais à disposição.

De acordo com Möller, o medo e a resistência difundidos na população com relação à energia nuclear começa desde a infância, pela forma com que o assunto é abordado em sala de aula, quando os professores não apresentam as benesses dessa energia, mas somente os casos de acidentes nucleares como Chernobyl, na atual Ucrânia, o que só dificulta o debate para a sua implementação em solo brasileiro.
(Por Adriana Ediná Agüero, especial para o Ambiente JÁ, 17/10/2006)

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