A realização do Inventário Florestal do Rio Grande do Sul, promovida pela Secretaria de
Meio Ambiente e executada pela Universidade Federal de Santa Maria possibilitou, em dados
gerais, atualização de informações acerca da cobertura florestal no Estado, apontando seu
crescimento associado mais ao abandono de áreas agrícolas - êxodo rural - do que à
reposição propriamente dita. Ricardo Litwinski Süffert, Sérgio Valdir Bajay e Carlos
Roberto de Lima, no artigo "Energia, sociedade e desenvolvimento sustentável: O caso da
reposição de florestas plantadas no Rio Grande do Sul", e tomando por base dados do
inventário, afirmam que "...os resultados do Inventário Florestal Contínuo do RS (junho de
2001) indicaram a existência de 0,97% do Estado coberto por florestas plantadas (aquelas
que são possíveis de serem utilizadas, de acordo com a legislação em vigor). Este
percentual está muito aquém de suprir a demanda de madeira em nosso Estado. A ONU recomenda
que uma sociedade, para ter suprida sua demanda de matéria-prima florestal, deva ter de 20%
a 30% de florestas". Embora o foco da análise dos autores do artigo esteja no uso
energético da madeira, fica patente o déficit também para outros usos, tendo como
comprovação a importação de outros Estados à custa das florestas nativas que continuam
sendo dizimadas.
No Rio Grande do Sul, o reflorestamento vem acontecendo no último meio século, não se
tratando, portanto, de novidade. Já projetos de silvicultura de grande vulto passaram a ser
desenvolvidos nos últimos dois anos em novas áreas, tendo eles como foco a produção de
matéria-prima para a indústria de papel e celulose, gerando a necessidade de novos
instrumentos para corroborar tomadas de decisão, daí a realização de zoneamento
econômico-ecológico com vista à silvicultura, que deverá estar concluído até o final do ano
e sua aplicação a partir de 2007, após discussão no Consema. O programa, uma das
prioridades da Sema, além de direcionar a reposição obrigatória, tem feito parcerias
importantes com entidades e empresas como o Rotary, RGE, AES Sul, CEEE e Asgav. A reposição
de mata ciliar, com espécies nativas, além de promover a proteção dos cursos hídricos
(arroios, rios, lagos, nascentes), propicia sustentação da fauna. Outros dois programas
importantes da Sema associados à flora são o de Repovoamento de Araucária e Campanha de
Árvores Nobres.
Claudio Dilda é secretário estadual do Meio Ambiente
(
Zero Hora, 16/10/2006)