Debate aborda a importância do cerrado para a conservação dos recursos hídricos
2006-10-16
O cerrado está sob ameaça de extinção: nos últimos 50 anos a maior parte dele foi devastada e os 20% restantes, conforme alertou o secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra, pode desaparecer em alguns anos se medidas urgentes não forem tomadas. Com o intuito de pensar sobre o futuro do cerrado e discutir sobre a importância de preservá-lo também do ponto de vista dos recursos hídricos, o Ministério do Meio Ambiente promove hoje (16/10), em Brasília, um debate com especialistas.
Eles abordarão temas como “Potencialidades para desenvolvimento sustentável da agricultura irrigada no cerrado”, “A importância e a situação dos recursos hídricos do cerrado”, e “O uso sustentável do bioma cerrado e a preservação de bacias hidrográficas”.
“O cerrado tem rica biodiversidade, tem potencialidade fantástica do ponto de vista da produção agrícola, do turismo”, comenta Senra. “Então, é preciso fazer com que a gente conheça bem essa região, os impactos que estão causando por algumas atividades e como a gente pode minimizar esses impactos, potencializando aquilo que pode dar pra gente.”
Em entrevista à Agência Brasil, o secretário também destacou a importância do cerrado do ponto de vista hídrico, já que abriga bacias importantes como a do Rio Tocantins e a do Rio São Francisco. “Só para citar um exemplo, 47% da área da bacia do São Francisco está no cerrado e 94% de toda a água do São Francisco vem do cerrado”, diz.
Ao ser indagado sobre quais ações emergências deveriam ser tomadas no sentido de manter vivo o cerrado, João Bosco Senra responde: “Precisamos usar de maneira mais adequada o processo de irrigação e saber da importância de um manejo adequado do uso do solo. Ações como essas são fundamentais para assegurarmos a preservação do cerrado. São cuidados que o Brasil já vem desenvolvendo”.
O cerrado é o nome regional dado às savanas brasileiras. Com solo deficiente em nutrientes, mas rico em ferro e alumínio, o bioma se caracteriza pela vegetação espaçada, com arbustos e árvores retorcidas e gramíneas. Destruí-las significaria ignorar pelo menos 11 mil espécies, boa parte delas, inclusive, com aplicações médicas.
O debate será realizado, das 9 às 11 horas, no edifício da Companhia de Desenvolvimento dos Vales dos São Francisco e do Parnaíba.
(Por Ana Paula Marra, Agência Brasil, 15/10/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/10/13/materia.2006-10-13.1016743517