HEMISFÉRIO SUL É MAIS AFETADO PELO BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO
2001-10-16
De acordo com dados do PNUMA, o buraco na camada de ozônio - devido a fenômenos físicos e químicos ligados às emissões de gases muito estáveis, como o clorofluorcarbono (CFC), usado em refrigeradores e em aerossóis e que reage com o ozônio, desmembrando-o em outros componentes - chegou a dimensões críticas nos últimos anos. Cientistas detectaram um gap de 10 milhões de metros quadrados na região da Antártida em 1995. - A proteção nunca caiu como agora, diz Paulo Sarkis, diretor do Laboratório de Ciências Espaciais da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, apontando o aumento de 18% no buraco de ozônio detectado no Sul do Brasil no mesmo ano. Por si só essas informações parecem não estar conectadas ao dia-a-dia da população, mas, num senso mais profundo, isto não é verdade. Apenas levando em conta que o número total de pessoas em um balneário como Albatroz, por exemplo, mesmo em épocas de baixa temporada, representa o total de casos de câncer de pele que surgiram no ano passado, no Brasil, ou seja, que uma Albatroz inteira (ou um balneário equivalente) pode ter sua população toda sofrendo de câncer a cada ano), e relacionando isso à destruição do ozônio das altas camadas da atmosfera, pode-se concluir que se está, de fato, diante de um grave problema de saúde pública. De acordo com o Instituto de Oceanografia Scripps, em San Diego, Califórnia (Estados Unidos), países latino-americanos como o Chile, a Argentina e o Brasil (na sua porção Sul) estão em uma situação muito delicada a esse respeito, devido a sua proximidade com a região antártica. Autoridades da área de saúde do Chile registraram um aumento de 133% nos casos de câncer de pele nos últimos anos. No Sul desse país, em 1991, pescadores encontraram vários salmões cegos, o que levou à suspeita - agora confirmada por cientistas - de que a destruição da camada de ozônio também causa danos aos olhos, como catarata(opacidade do globo ocular) e cegueira em animais e pessoas. O Brasil já perdeu 5% da camada de ozônio na atmosfera (acima de 20 quilômetros de altitude), observam pesquisadores do Cripps Institute. Em 1995, o Instituto Nacional do Câncer (INC) apresentou números que mostram um aumento de quase 26% nos casos de câncer de pele no país. Alguns médicos acham que esse número pode estar sendo subestimado porque apenas inclui pessoas sob a cobertura do sistema público de saúde, o SUS. - Eu acho que a mortalidade causada por melanoma (o mais perigoso câncer de pele, provocado por mudanças celulares no melanoma, o hormônio responsável pela pigmentação, que as pessoas de cor clara produzem menos que as de cor escura) e ainda mais alto porque as estatísticas do INC não incluem registros de pessoas atendidas por médicos particulares, assinala Jose Carlos Pascalicchio, médico e pesquisador da Universidade de Sao Paulo (USP).