Uma semana depois da descoberta do maior desastre ecológico já ocorrido no Rio dos Sinos, a
Polícia Civil e a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) ainda não identificaram os
responsáveis.
O trabalho de retirada de peixes mortos, que chega a 86,2 toneladas, terminou sexta-feira
(13/10). Na segunda-feira (16/10), o governador Germano Rigotto assina decreto instituindo um
grupo de trabalho para recuperação das bacias dos rios dos Sinos e Gravataí.
Sexta-feira, a Fepam identificou mais uma empresa que teria colaborado com a mortandade. A
indústria localizada em São Leopoldo deverá ser autuada. Outras três empresas e 32 prefeituras
já foram notificadas por colaborar com a poluição no rio. Na quarta-feira, às 14h, a fundação
divulgará o resultado das primeiras análises na água e em peixes.
A Polícia Civil também corre para identificar culpados pelo crime ambiental. Sexta-feira,
peritos do Instituto-geral de Perícia (IGP) percorreram o trecho atingido pela contaminação,
fizeram novas coletas de água e de peixes e sobrevoaram a bacia.
O delegado da 1ª Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul, Leonel Baldasso, aguarda o resultado
de laudos que tragam indicativos sobre o produto que causou a morte dos peixes.
- Eles serão fundamentais para identificar que empresas poderiam ter jogado o material no rio
- diz.
Em outra frente de trabalho, uma comitiva integrada pelo prefeito de São Leopoldo, Ary
Vanazzi, (PT), e pelo presidente do Instituto Martim Pescador, Henrique Prieto, foi,
sexta-feira, até a sede regional da Polícia Federal, na Capital, pedir auxílio nas
investigações.
Entenda o caso
7/10 (sábado) - Um grupo percorre o Rio dos Sinos no barco do Instituto Martim Pescador. A
quantidade de peixes mortos chama a atenção. No final da tarde, a Fepam é informada
8/10 - Técnicos da Fepam percorrem o rio e identificam que os efluentes que causaram as mortes
foram despejados no Sinos por meio do Arroio Portão. Água e peixes são encaminhados para
análise
9/10 - Barreiras de contenção são instaladas em Sapucaia do Sul, e uma força-tarefa com cerca
de 60 pessoas começa a retirada dos peixes mortos
11/10 - A Fepam autua três empresas de Estância Velha e 32 prefeituras. A Apresentação de um
plano de saneamento é exigida das prefeituras
12/10 - O secretário especial da Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolin, anuncia distribuição
de cestas básicas e antecipação do seguro-defeso para pescadores 13/10 - Termina trabalho de
retirada dos peixes: 86,2 toneladas de animais mortos
(Por Carla Dutra,
Zero
Hora, 14/10/2006)