Organizações ambientalistas desvelaram os vínculos de funcionários do governo chileno com empresas geradoras e distribuidoras de eletricidade interessadas na materialização de megacentrais em Aysén. Em conferência de imprensa conjunta, o movimento ambientalista chileno deu a conhecer os vínculos de interesses entre políticos vinculados às principais companhias que participam do mercado elétrico nacional.
Sara Larraín, do Programa Chile Sustentável; Juan Pablo Orrego e Flavia Liberona, da Ecossistemas; Isabel Lincolao, do Renace; Eduardo Giesen, do Comitê de Defesa da Flora e Fauna (Codeff); Fernando Dougnac, da Fiscalização do Meio Ambiente (FIMA); Isabel Manzur, da Fundação Sociedades Sustentáveis; e Bernardo Reyes, do Instituto de Ecologia Política (IEP), criticaram o anúncio do Ministro de Obras Públicas, Eduardo Bitrán, quanto a optar pelo Parque Pumalín para construir a estrada que buscará melhorar a conexão da região de Aysén com a Patagônia.
Segundo Sara Larraín, esta opção implica una enorme destruição de zonas de valor ambiental e paisagístico, que estão protegidas com el status de santuário da naturaleza. O traçado anunciado pelo ministro Bitrán é considerado uma fraude porque não constitui um projeto público para conectar os três mil habitantes que vivem nas zonas costeiras da região de Aysén, uma vez que cruza pela metade do Parque Pumalín, onde não existem assentamentos humanos.
Por outro lado, não é uma rota de conexão, mas um projeto que subsidiará o traçado elétrico da Transelec com o dinhero de todos os chilenos.
Por sua vez, Juan Pablo Orrego, da Ecossistemas, disse que a mensagem de que o caminho serviria de estrada ao futuro cabeado elétrico significa que o governo está pré-aprovando o projeto Aysén, que não foi formulado nem ingressou no Sistema de Avaliação de Impacto Ambiental (SEIA). Na mesma linha, Fernando Dougnac criticou que o anpuncio da estrada e das linhas de alta tensão constitui um apoio direto ao monopólio de geração no setor eletrico que têm a Endesa e a Colbún, porque, no conjunto, possuem quase 70% da geração do Sistema Interconectado Central (SIC), e prejudica, com o início desse projeto, os demais atores do negócio energético.
Os ambientalistas declararam que é grave e contraditório que o governo da presidenta Michelle Bachelet declare que se está exercendo a Lei Antimonopólio e que, em paralelo, se subsidie este monopólio, um dos maiores da América Latina.
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Adital, 13/10/2006)