Polícia Federal apura morte de ambientalista
2006-10-13
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar a morte do ambientalista Eduardo Ventura, 46, e da mulher dele, Simone Abras, 40. Ambos foram atropelados no dia 5, enquanto caminhavam em uma rodovia em Ipanema (356 km de Belo Horizonte).
Uma das hipóteses é que a morte do casal tenha sido em represália a denúncias de Ventura sobre desmatamentos ilegais na região. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República também acompanha o caso.
Ventura e a mulher foram atropelados no final da tarde, enquanto faziam caminhada na MGT-424. Segundo testemunhas, uma camionete branca em alta velocidade entrou na contramão e os atingiu pelas costas. O motorista fugiu.
De acordo com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ventura vinha recebendo ameaças de morte desde 2003, por ter denunciado desmatamentos ilegais. O assessor da secretaria Olmar Klich foi ontem a Ipanema para conversar com policiais e amigos do casal.
Ventura foi criador da Estação Biológica de Caratinga (MG), uma das principais áreas do país de estudos biológicos e ecológicos da mata Atlântica. Atualmente, era secretário-adjunto do Meio Ambiente e chefe da Defesa Civil de Ipanema.
A Polícia Civil e o Ministério Público de Minas Gerais também investigam as mortes. A promotora de Ipanema, Ana Lúcia Oliveira, disse que a "cidade inteira afirma que não foi acidente".
Diretor da Estação Biológica de Caratinga e amigo de Ventura, Antônio Bragança disse não acreditar na hipótese de assassinato. Afirmou que conversou com o ambientalista no dia de sua morte e que ele nunca havia reclamado de ameaças. Afirmou que o local do atropelamento é uma curva perigosa, em que carros em alta velocidade podem atingir a contramão.
(Por Thiago Guimarães, Agência Folha, 12/10/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126974.shtml