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2006-10-13
Os representantes de instituições ligadas à cadeia produtiva do biodiesel discutiram ontem, durante workshop no Praia Mar Hotel, os gargalos a serem transpostos até o estágio de produção em escala industrial do combustível a partir de oleaginosas no Rio Grande do Norte.

A Petrobras já avisou que a demanda de suas duas plantas instaladas no RN será de até 10 mil toneladas/ano de matéria-prima (oleaginosas) em 2007. Mas informações da Conab mostram redução na área de cultivo da mamona e na produção deste ano.

Segundo o coordenador do Programa de Biodiesel da Petrobras no RN, Ulisses da Costa Soares, as duas plantas experimentais de produção do combustível têm capacidade de produzir até 2,2 mil litros/dia. “Não é uma produção em escala industrial, mas de pesquisa”, ressaltou. As pesquisas sobre essa matriz energética, no Estado, têm três anos e parte da mamona utilizada pela estatal no Rio Grande do Norte vem de outros estados do Nordeste.

O secretário extraordinário de Energia, Tibúrcio Batista, disse que o Estado terá 50 mil hectares cultivados com plantas oleaginosas - girassol, mamona e pinhão-manso - no próximo ano. Segundo ele, os agricultores têm relatado como principal dificuldade a disponibilidade de máquinas necessárias ao plantio da mamona.

“Um problema que a partir de agora vamos buscar — governo do Estado e bancos oficiais — trabalhar uma forma de auxiliá-los”, assegurou.

Informações oficiais da Conab/RN apresentadas ontem apontam apenas 900 hectares de área cultivada com mamona no Estado — no ano passado eram 1.500 hectares.

Ao invés de ampliar, o Rio Grande do Norte reduziu em 40% essa área para os 34 municípios incluídos no zoneamento para a mamona. Para se ter idéia, a área pretendida pelo Governo (para 2007) eqüivale à soma das áreas ocupadas pelas culturas de algodão, arroz e feijão este ano. A produção calculada pelo órgão para esta safra é de 800 toneladas (em 2005 foram 1.300 toneladas, +38,5%).

As duas unidades em operação no RN receberam um investimento de cerca de R$ 19 milhões em pesquisa e desenvolvimento. A Petrobras e o Governo do Estado assinaram este ano um protocolo de intenções através do qual a estatal do petróleo assegura estudos de implantação de uma unidade para produção de biodiesel em escala industrial.

Os estudos desenvolvidos nas duas plantas de biodiesel devem ser concluídos este ano, segundo Ulisses Soares, que reafirmou a intenção da Petrobras de construir uma unidade com potencial de produção em escala industrial no RN. A estatal investe na construção de três dessas unidades nos estados da Bahia e Minas Gerais.

“Mas a construção de uma unidade no Estado depende, claro, da capacidade de produção de oleaginosas”, ressaltou.

A implantação das três fábricas de biodiesel requer 150 mil toneladas/ano e o plano estratégico da companhia para os anos de 2007 e 2008 prevê a produção de 852 mil toneladas/ano. A auto-suficiência do RN em oleaginosas só é possível quando a área cultivada superar os 30 mil hectares, dizem os técnicos da Embrapa á disposição da Emater-RN. “O aspecto social desse programa de biodiesel é excepcional porque gera renda a muitas pessoas em área críticas”, destacou Tibúrcio Batista.

Uma das dificuldades encontradas pela Petrobras na aquisição da mamona produzida no Rio Grande do Norte é a falta de organização da maioria dos agricultores — seja através do cooperativismo ou mesmo em associações — para comercialização da colheita.

A estatal não pode comprar a produção de cada agricultor, individualmente. No ano passado, boa parte da mamona produzida no Estado foi parar nas mãos de atravessadores, que elevaram os preços do produto e fez a Petrobras ir buscar mamona nos estoques de empresas privadas de outros estados.

As discussões de ontem concluíram que os agricultores precisam do apoio de órgãos como o Sebrae e Conab para reunir a produção em um número mínimo de “centros de comercialização” a partir dos quais a estatal fará as compras.

As principais regiões produtoras de mamona são Serra de Santana (440 hectares), Agreste e Borborema (226 hectares) e Região Oeste (240 hectares). A Conab considera que o preço mínimo de comercialização da saca com 60 kg de mamona para a região Nordeste é R$ 3,56 (em outubro). No Rio Grande do Norte, os agricultores têm negociado por preços que variam de R$ 30 até R$ 33. O preço praticado na Bahia, no atacado, é de R$ 38.
(Por João Maria Alves, Tribuna do Norte – RN, 11/11/2006)
http://www.tribunadonorte.com.br/

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