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2006-10-13
Resíduos sólidos do Algarve vão ser aproveitados para produzir biogás. Tecnologia inovadora está na base de protocolo entre empresas de tratamento de resíduos e a AGNI, uma multinacional de vanguarda nas energias renováveis. Os mais vulgares restos de comida do Sotavento vão deixar de ser um “peso”, para valerem dinheiro. Essa é pelo menos a intenção da ALGAR a empresa responsável no Algarve pelo tratamento e valorização de resíduos sólidos.

A ALGAR assinou ontem (12/10) um acordo com a AGNI, uma multinacional líder no desenvolvimento de tecnologias de pilhas de combustível e de processamento de hidrocarbonetos com operações nos Estados Unidos, Europa, Singapura, Malásia e Índia, com o objectivo de fornecer energia a partir do biogás produzido no Aterro Sanitário do Sotavento, situado na Cortelha, concelho de Loulé.

De acordo com a empresa, a transformação dos gases em energia eléctrica deixará de ser realizada através do método tradicional (captação do biogás por motores de combustão e aplicação de alternador para o aproveitamento da energia), implementando-se uma solução híbrida que une a utilização dos motores de combustão interna e o recurso a pilhas de hidrogénio.

As pilhas de combustível funcionam através da conversão do metano contido no biogás em hidrogénio, numa operação que necessita de um gás metano de alto teor de pureza e requer necessidades térmicas específicas.

“A Algar vai aplicar uma nova tecnologia única a nível mundial, mais avançada do que a existente inclusive nos Estados Unidos da América, que irá potenciar a produção de energia eléctrica para fornecer à EDP”, disse ao Observatório do Algarve o presidente da Algar, Hélio Barros, garantindo que o projecto estará em pleno funcionamento no 3º trimestre do próximo ano. “O aterro não é só para colocar lixo, tem um potencial energético grande, nomeadamente através do biogás, que já produzimos no Barlavento e agora iremos estender ao Sotavento”, acrescentou Hélio Barros.

Com a nova tecnologia, será possível um aumento da produção energética em cerca de 30%, comparativamente com o modelo actual, que assenta na combustão do gás metano. “O sistema que vai ser adoptado apresenta elevadas compensações ambientais, ao evitar a emissão do gás metano para a atmosfera (20 vezes superior ao Dióxido de Carbono na contribuição para o efeito de estufa) e consolidar os índices de sustentabilidade económicos e ambientais das empresas de tratamento e valorização dos resíduos sólidos urbanos”, acrescenta a empresa em comunicado.

O acordo assinado ontem no Seixal inclui mais duas estruturas semelhantes à ALGAR, a AMARSUL (resíduos da Margem Sul do Tejo onde se integram os Municípios de Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal) e a RESULIMA (Vale do Lima e Baixo-Cávado, onde se integram os Municípios de Arcos de Valdevez, Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo), para além da AGNI.

O aproveitamento do potencial energético contido no biogás, além de reduzir a emissão de gases de efeito estufa irá promover a aplicação da Directiva Europeia sobre a produção de electricidade de origem renovável.

De acordo com as orientações comunitárias, Portugal tem como objectivo, para 2010, satisfazer 39% das suas necessidades de electricidade através de fontes renováveis, e este projecto permitirá –segundo os responsáveis - melhorar os índices de sustentabilidade económicos e ambientais dos sistemas multimunicipais de tratamento e valorização e resíduos sólidos urbanos, devido ao impacto que as receitas da venda de energia podem ter ao nível das tarifas a pagar pelos municípios.

Os contratos celebrados entre a AGNI e a AMARSUL, ALGAR e RESULIMA envolvem a cessão da exploração do biogás de cada aterro, por um período de 11 anos, mediante o pagamento de uma renda, ficando a AGNI responsável pela implementação e exploração de um centro electroprodutor em cada aterro. Está prevista ainda a instalação de uma unidade de subprodutos resultantes do funcionamento desta tecnologia, podendo as empresas signatárias vir a participar no respectivo investimento.

O projecto envolve um investimento total de 12 milhões de euros, a realizar em partes iguais pelos signatários dos contratos. Os três centros electroprodutores deverão estar concluídos num prazo de 13 meses e estima-se que produzam cerca de 6 MW de potência para injecção no sistema eléctrico português. A AGNI estabeleceu um acordo com o Estado português para produzir, em Torres Novas, energia a partir do hidrogénio, tecnologia que se acredita que irá substituir a longo prazo os combustíveis fósseis.
(Algarve, 13/10/2006)
http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=8853

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