(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-10-13
O rio dos Sinos registra o maior desastre ecológico do Estado desde o caso do navio Bahamas no porto de Rio Grande. Antes deste só o caso do Hermenegildo registrou tantos animais mortos e uma comoção tão grande da sociedade gaúcha.

A mortandade dos peixes foi a maior, no mínimo, em trinta anos. Mais de 50 toneladas de peixes morreram. Mas de cem mil indivíduos. Uma tristeza tremenda que mostra o descaso com o meio ambiente, tanto de alguns poluidores individuais, que nas madrugadas de expectativa de chuva lançam dejetos sem tratamento, como dos poderes públicos, que postergam sempre o início do tratamento dos esgotos domésticos e que não dão prioridade política para a manutenção de órgãos ambientais eficientes para fiscalizar os que agridem a natureza com o rigor que a sociedade espera.

Todos os indícios apontam para uma conjugação nefasta de fatores que levara à tragédia. Por um lado, o rio estava baixo e represado pelo Guaíba. Com menos movimento d’água diminui o oxigênio dissolvido e se concentram ainda mais os dejetos de esgoto cloacal não tratados. Muitas indústrias grandes na região do arroio Estância Velha-Portão estavam lançando efluentes com carga poluidora acima do permitido em suas licenças. Era sexta feira de noite e havia uma ameaça de chuva forte. Ocasião em que algumas empresas, com menor compromisso ambiental, costumam aproveitar para lançar uma grande dose de efluentes sem tratamento na expectativa que a chuva os dilua e suma com eles sem deixar rastro.

Só que a chuva não veio e o derrame de dejetos agiu sobre uma situação crítica, como a gota d’água que vira o copo. Foi o que bastou para toda essa carga atiçar a fome dos microorganismos que acabaram com o oxigênio d’água, bem no período da piracema. Ocasião que milhares de peixes se movimentam para se reproduzir e encontraram um rio sem oxigênio. Fato que agrava ainda mais a questão e compromete a vida das espécies no futuro. O resultado é o quadro terrível que já é noticia no país e no mundo.

O serviço de emergência da Fepam foi acionado no domingo e começou a trabalhar com o apoio das prefeituras de Estância Velha, Sapucaia, Esteio, São Leopoldo, Batalhão Ambiental e Defesa Civil.

Além das ações de contenção e retirada dos peixes, iniciou-se uma investigação em algumas dezenas de empresas suspeitas do lançamento. Também foram feitas coletas de material para análise, visando investigar as origens do dano. Num primeiro momento foram identificadas três empresas, mas outras podem surgir ainda graças a dezenas de denúncias que a população vem fazendo.

Três empresas já estão sendo multadas. Além disto, a Fepam vai intimar todos os municípios da região do vale dos Sinos para apresentarem planos de tratamento do esgoto cloacal. Ainda foi determinado que todas as empresas da bacia do arroio Estância Velha- Portão reduzam o lançamento de dejetos em trinta por cento, enquanto figurar a situação de emergência no rio. Essas medidas visam responsabilizar todos os setores que têm sua parte na geração do desastre. A direção da Fepam prometeu que até semana que vem apontará todas as empresas responsáveis pelo dano e encaminhará informação para o Ministério Público abrir processos junto à justiça pelo crime ambiental cometido.

Muita gente me comentou que não imaginava que houvesse tantos peixes no Sinos. Ele tem sim! O desastre mostra que se as medidas de controle da poluição forem tomadas, a possibilidade de recuperação é grande.
Arno Kayser é agrônomo, escritor e ecologista. Militante do Movimento Roessler de Defesa Ambiental, de Novo Hamburgo, RS.
(Ecoagência, 11/12/2006)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1883&Itemid=2

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -