Ibama autua proprietários que devastaram mata nativa equivalente a 96 campos de futebol no Vale do Itajaí (SC)
2006-10-11
Os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) autuaram os dois proprietários dos 156,7 hectares de terra - o equivalente a cerca de 96 campos de futebol - que foram desmatados e incendiados. A operação, que durou duas semanas, teve, inclusive, apoio aéreo do helicóptero do órgão e se concentrou na localidade de Colorado, em Santa Terezinha, no Alto Vale do Itajaí. Em alguns pontos, as espécies da mata atlântica como araucária, imbuia, cedro, entre outras, foram substituídas por mudas de pínus para reflorestamento, o que levanta a suspeita de incêndio criminoso. Os nomes dos envolvidos não foram revelados porque eles ainda estão contestando a autuação, mas serão denunciados ao ministério público.
O chefe do escritório do Ibama de Rio do Sul, Bruno Barbosa, revelou que as imagens de satélite, sobrevôos na área e denúncias de vizinhos facilitaram a operação. Os incêndios viraram rotina no município de Santa Terezinha, bem na época da estiagem prolongada. O fogo também atingiu áreas de preservação de nascentes e ribeirões que formam o rio Itajaí do Norte, também conhecido como Hercílio. No levantamento, os fiscais encontraram diversas cobras mortas.
Barbosa adiantou que a operação ainda não está concluída. Existem outras áreas desmatadas, cujos proprietários não foram identificados. "O levantamento já está quase pronto. O problema é que os donos alegam ter vendido."
As multas administrativas aplicadas até agora ultrapassam os R$ 300 mil. Os proprietários também responderão por crime ambiental. Barbosa observou que, por meio de notícia-crime, o ministério público tem condições de avaliar se o incêndio foi provocado. "Todo o proprietário de imóvel tem a responsabilidade de preservar sua área", acrescentou.
Mesmo com as ações freqüentes do Ibama em Santa Terezinha, os casos de desmatamento continuam. O chefe do posto observou que muitos proprietários, na tentativa de esconder a extração florestal, acabam deixando a chamada "parede verde" ao longo da estrada. Barbosa disse que a partir de agora, com o apoio aéreo e a intensificação da fiscalização, não apenas no município, a tendência é acabar com a extração da floresta nativa.
(A Notícia, 11/10/2006)
http://an.uol.com.br/2006/out/11/0ger.jsp