A Assembléia Popular de Gualeguaychu e diversas organizações ecologistas convocaram ontem (10/10) na capital argentina um boicote contra as praias uruguaias neste verão, em represália à instalação de fábricas de celulose na parte uruguaia do rio Uruguai, que divide os dois países. A idéia é que os mais de 600 mil argentinos que costumeiramente visitam o litoral uruguaio - mais da metade do total de turistas da região - optem por similares em território argentino. “Passe o verão na Argentina” é o slogan.

Os habitantes de Gualeguaychu consideram que as fábricas causarão uma catástrofe ambiental e econômica na área. Por sua vez, o governo uruguaio defende as fábricas, alegando que são cruciais para desenvolver a economia do país, que ainda se recupera de longa crise. A instalação das papeleras, como as fábricas foram apelidadas, está causando há mais de um ano a pior crise diplomática entre Argentina e Uruguai desde 1955. “Passe o verão na Argentina” “Passe o verão na Argentina”

Em agosto, o presidente argentino Néstor Kirchner envolveu-se pessoalmente na chamada Guerra da Celulose. Kirchner levou o caso à Corte Internacional de Haia, mas foi derrotado no tribunal. Há poucas semanas, a espanhola Ence anunciou que abandonava os planos de instalar-se na região, mas até agora não houve definição clara. A Assembléia de Gualeguaychu debateu ontem a realização de novos piquetes nas pontes que ligam a Argentina ao Uruguai, reeditando bloqueios realizados no início do ano.
(Correio do Povo, 10/10/2006)
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