Recolhidas 30 toneladas de peixes mortos no Rio dos Sinos
2006-10-11
Pelo menos 30 toneladas de peixes mortos já foram retiradas do Rio dos
Sinos nos dois primeiros dias que sucederam a maior tragédia ambiental
ocorrida no manancial nos últimos 40 anos. Ontem (10/10), técnicos da
Fepam e de órgãos ambientais, totalizando mais de 60 pessoas,
continuaram a vistoriar empresas em busca de respostas para a causa da
mortandade que se concentra na divisa de São Leopoldo e Sapucaia do
Sul, na foz do arroio Portão, por uma extensão de 15 quilômetros. O
secretário da Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolim, participa hoje
(11/10), às 19h, de reunião sobre o assunto na Prefeitura de São
Leopoldo. Amanhã, ele deve ir a Sapucaia, no Passo do Carioca,
visitar o local do desastre ecológico.
Na tarde de hoje, a Fepam deve divulgar o primeiro relatório a
respeito das investigações sobre as causas da mortandade de peixes.
A fundação já tem suspeitas para o caso e comentará o assunto em
coletiva na sede da entidade, em Porto Alegre, às 15h30min. Ontem,
duas barreiras colocadas no rio impediram que a correnteza levasse os
peixes em direção ao Delta do Jacuí. Os técnicos concentram esforços
para retirar os peixes mortos, a fim de evitar que o processo de
decomposição consuma mais oxigênio da água, prejudicando as espécies
que tentam sobreviver.
Além da morte de peixes, o Sinos começa a enfrentar precocemente
problemas em seu nível de água. Ontem, era de 88 centímetros na régua
junto ao Clube de Regatas Humaitá, em São Leopoldo, onde é feita a
medição oficial do Sinos. A média normal para esta época seria de 2,40
metros. "Esse nível já nos dá um parâmetro do que iremos enfrentar no
verão", comenta João Link, responsável pela medição do Sinos há mais
de 10 anos.
A Prefeitura de Sapucaia do Sul formará comissão para estudar as
medidas judiciais cabíveis em razão da dimensão do problema no Sinos.
Conforme a administração, "foi causado um dano ambiental irreparável
para o município". O prefeito Marcelo Machado disse esperar que, assim
como a Fepam, "outros órgãos tutores do meio ambiente não poupem
esforços no sentido de localizar e responsabilizar os criminosos".
A mortandade no Sinos entrará na pauta de debates da Comissão de Saúde
e Meio Ambiente da Assembléia. O presidente do órgão, deputado Pedro
Westphalen, irá hoje ao local da tragédia para acompanhar a coleta de
peixes e as primeiras investigações. O parlamentar deve agendar uma
audiência pública no Legislativo para os próximos dias. O objetivo é
ajudar a esclarecer os motivos que levaram à catástrofe ambiental.
(Correio do Povo, 11/10/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp