Purificador de água dinamarquês pode salvar vidas
2006-10-11
Em países pobres, a família que tem de andar quilômetros para obter água potável de um poço ou de um rio pode ser considerada sortuda. Em muitos vilarejos, a fonte de água é um reservatório imundo no qual pisam pessoas e animais, ou uma poça de alam próxima ao campo de inhame.
Como resultado, cerca de 6.000 pessoas – crianças em sua maioria – morrem de doenças trazidas pela água. Vestergaard Frandsen, uma companhia têxtil dinamarquesa que fornece filtros de água para o programa de erradicação do verme do porco do Carter Center e tecidos antimosquitos para campos de refugiados, apresentaram uma nova invenção com o objetivo de transformar a água poluída ou com riscos para a saúde em água potável.
A invenção se chama Lifestraw e consiste de um tubo de plástico com sete filtros: redes entrelaçadas com orifícios tão finos quanto 6 mícrons (um fio de cabelo humano possui entre 50 e 100 mícrons de espessura), seguidos por resina impregnada com iodo e um outro carbono ativado. Pode ser levado em volta do pescoço e funciona por um ano.
O Lifestraw não é perfeito, mas filtra pelo menos 99,99% de muitos parasitas e bactérias, que são responsáveis pela maioria dos casos fatais de diarréia. Ele é menos eficaz contra vírus, que são muito menores e causam doenças como a poliomielite e a hepatite, e não protegeria os mochileiros americanos da giardiose. Ele não filtra elementos químicos como o arsênico e deixa um leve gosto de iodo na água (não que isso seja necessariamente algo ruim em várias partes do globo onde as pessoas têm deficiência de iodo).
Ele pode ser fabricado por cerca de 3 dólares, porém necessita que mais testes sejam realizados. Apenas cerca de 100.000 Lifestraws foram distribuídos, sendo que 70.000 deles foram para vítimas de um terremoto em Kashmir no ano passado. Já está em andamento, no entanto, uma versão do Lifestraw especialmente para bebês – na qual o tubo será flexível.
(Por Donald G. McNeil Jr., The New York Times, 10/10/2006)
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