Exportar arroz orgânico para o Japão, como matéria-prima para o saquê, era uma possibilidade de negócio que nunca tinha passado pela cabeça de José Duarte e Edna Pereira. Há doze anos, quando começaram o cultivo sem o uso de defensivos agrícolas foram movidos apenas pela convicção pessoal. Nos últimos anos, com o interesse crescente dos consumidores pela alimentação natural, acreditavam que só poderiam escoar a produção para o mercado interno.

A oportunidade veio através do Sebrae de Itaperuna, no noroeste fluminense, que fez um amplo diagnóstico para identificar a vocação econômica da região. "Até a década de 80, o arroz era a base da economia local, mas os produtores perderam a competitividade porque as propriedades são pequenas e não permitem a mecanização. A venda de produtos diferenciados poderia romper a estagnação", explica o gestor do projeto de Agricultura Orgânica do Noroeste Fluminense, José Alcino Cosendey Nascimento, que também ressalta a importância da capacitação contínua dos produtores para o cumprimento dessa meta.

Para ampliar o mercado, o Sebrae bancou as certificações internacionais. "Sem essa ajuda, não dava nem para pensar em exportar porque este tipo de documento é caríssimo e não tínhamos dinheiro. Além disso, ainda devemos ao Sebrae a participação na Bio-Fac, a maior feira de produtos orgânicos do mundo que, em fevereiro de 2005, foi realizada em Nuremberg, na Alemanha. Foi lá que conhecemos os compradores japoneses", explica Edna.

Depois da primeira remessa de 20 toneladas, o casal já está negociando novos contratos com o Japão e abrindo espaço para exportar também para os Estados Unidos. A fazenda Macuco desenvolve a agricultura familiar com 38 parceiros e está em fase de finalização para certificar também o milho orgânico.

"Já estabelecemos parceria com o poder público e várias entidades. A mais recente conquista, através do Ministério do Desenvolvimento, foi a aquisição de um equipamento de beneficiamento de arroz que será usado por todos. Estamos trabalhando também com outros setores como piscicultura, apicultura e caprinos e ovinos. Com a criação da Cooperativa Regional de Agricultura Familiar (Cooperafa), demos outro passo importante para viabilizar as pequenas propriedades", afirma Nascimento.
(Por Regina Mamede, Agência Sebrae, 09/10/2006)
http://asn.interjornal.com.br/site/noticia.kmf?noticia=5307615&canal=199