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2006-10-10
Embora o Espírito Santo esteja apenas engatinhando na industrialização de seus produtos orgânicos, uma mostra da produção capixaba será apresentada na quarta edição da BioFach América Latina. O evento será realizado nos dias 25, 26 e 27 próximos, de 9h às 18h, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

A BioFach será paralela à ExpoSustentat. Segundo informou Alfredo Stange, gerente de Agricultura Orgânica da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), a delegação capixaba sairá de Vitória no dia 24 próximo, e retorna no dia 27. Serão 34 membros no total.

Participarão 16 agricultores representando associações e grupos de produtores. Na delegação, estarão ainda técnicos de prefeituras, de sindicatos de trabalhadores rurais e do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). O site da BioFach registra que o Estado do Espírito Santo estará representado com "produtos orgânicos provenientes da agricultura familiar: café, frutas, hortaliças etc".

Alfredo Stange, que é engenheiro agrônomo, explica que serão levadas mostras, inclusive para degustação, de picles de verduras, como de cenoura e beterrada, além de picles mistos; doces em caldas, como o de morango; e, entre outros produtos, açúcar mascavo, fubá, arroz integral.

Ele assinala que os produtores irão sondar o mercado, observar tendências; ver novas embalagens, e conhecer novos produtos. É esperado que, com perspectivas de novos mercados, haja desenvolvimento no processo de industrialização dos produtos orgânicos capixabas.

O agrônomo da Seag destaca que a industrialização da produção orgânica capixaba é ainda pequena e artesanal. Com mercado garantido, a industrialização de arroz orgânico integral feita em Montanha (norte do Estado), por exemplo, poderá ser bastante ampliada. Em Montanha também são produzidos, ainda que em pequena escala, açúcar mascavo e melado de cana.

Lembra que está em desenvolvimento a agroindústria de frutas, como da graviola e do mamão, além de pimenta-do-reino, em Jaguaré; e da banana, em Iconha. A industrialização dos produtos agrega valor ao trabalho dos agricultores e reduz a perda da produção a praticamente zero.

Com a confirmação de que há mercado, e amplo, para os produtos industrializados, Alfredo Stange não vê dificuldade em capacitar os produtores neste processo. Destaca a parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), da Certificadora Chão Vivo e do programa Desenvolvimento Local Sustentável (DSL) e do Instituto Capixaba de Assistência Técnica, Pesquisa e Extensão Rural (Incaper) no processo de divulgação e consolidação da produção orgânica no Espírito Santo.

Os produtores orgânicos buscam ampliar o mercado, e entre os trabalhos que realizam com este objetivo estão o de oferecer cestas de produtos até mesmo em residências, como novos espaços em feiras livres. Também apostam na criação de um mercado especial na merenda escolar, e neste sentido vêm contatando a prefeitura de Vitória.

Agrotóxicos provocam mortes no ES
O faturamento da indústria de agrotóxicos no Brasil é de US$ 4,5 bilhões por ano (cerca de R$ 10,4 bilhões). Este elevado lucro das empresas dificulta o trabalho de contraponto à propaganda dos venenos agrícolas no país.

Mas o desenvolvimento da agroecologia no País e no Espírito Santo é essencial, pois o uso de agrotóxicos é elevado. No Estado, somente no período de 1992 a 2002, os agrotóxicos contaminaram 173.200 capixabas (o Estado tinha 3.097.232 moradores em 2000, segundo o censo do IBGE). Não são conhecidos os níveis de resíduos dos venenos nos alimentos consumidos no Espírito Santo, embora exista pesquisa em desenvolvimento para alguns produtos.

Os agrotóxicos intoxicam 500 mil brasileiros por ano, dos quais 10 mil morrem. Os venenos agrícolas mataram 1100 pessoas no Espírito Santo somente em 2004. Nos seis primeiros anos de 2005 mais 400 pessoas foram mortas pelos venenos agrícolas. Os cálculos foram feitos a partir dos dados obtidos pelo Centro de Atendimento Toxicológico do Espírito Santo (Toxcen), órgão da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Os dados apurados pelo Toxcen foram multiplicados por 50, como sugerido pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A OMS aponta a correção como necessária considerando a subnotificação das contaminações e mortes pelos venenos agrícolas.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário - ES, 09/10/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/outubro/09/index.asp

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