A escassez da água foi definida pela Unesco como o problema ambiental mais grave do século. É
também uma questão central no debate sobre o desenvolvimento social e econômico de um país. A
China, que cresce em ritmo acelerado, já identificou na disponibilidade de água um fator
imperiosamente limitante a tal crescimento. Pouco se divulga, mas são graves os conflitos
internacionais motivados pela disputa de água e eles devem se intensificar.
No Estado, a estiagem dos últimos anos foi, talvez, a principal responsável pela estagnação do
PIB. Para reverter tal quadro, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) criou
o projeto o Rio Grande que Queremos, e a Assembléia Legislativa, o Pacto pelo Rio Grande. Mas
não nos iludamos, o desenvolvimento econômico e social sustentável do RS só será possível se
houver disponibilidade de água, em quantidade e qualidade.
Para alguns setores produtivos, como a agricultura irrigada, a água tem importância capital.
Sem os recursos hídricos não geramos energia elétrica ou abastecemos a população com água
potável. Mas o que se tem visto com mais freqüência são conflitos gerados por escassez. Basta
lembrar que até no inverno municípios sofreram com racionamentos e falta de água, cujo volume
disponível vem diminuindo em razão da poluição.
As incertezas do mundo moderno e a aleatoriedade da disponibilidade de água na natureza impõem
que o futuro de seu uso no RS não seja uma decisão técnica fria, mas um acordo político com
base nessas informações. O Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), coordenado pela
Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), quer construir com a sociedade as estratégias
para o uso racional desse bem público e finito.
Interesses sociais, culturais, econômicos e ambientais que envolvem a utilização dos
mananciais gaúchos estão sendo debatidos pelo plano, que pretende informar e sensibilizar a
sociedade e o poder público sobre as mudanças necessárias para garantir o crescimento do RS.
Será feito o diagnóstico dos recursos hídricos, indicando as áreas problemáticas, para serem
propostas alternativas e estabelecidas soluções. O plano será concluído no final de 2007 e
transformado em lei. É fundamental que todos se dêem conta da importância dele para a
conservação de nossos mananciais e participem de sua elaboração.
Por Paulo Paim, coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos
(
Zero
Hora, 10/10/2006)