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2006-10-10
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Jorge Côrte Real, afirmou ontem (9/10) que a entidade é favorável ao uso da energia nuclear para a geração de energia no Nordeste. A opção nuclear foi defendida publicamente, pela Chesf, na última sexta-feira, em um seminário técnico realizado Associação dos Ex-Estagiários da França, com a presença de autoridades do governo federal. “A nossa posição é a favor da energia nuclear. Não temos preconceito algum. A energia nuclear já tem tecnologia bastante avançada e é mais segura hoje do que as usinas térmicas, sem causar danos ao meio ambiente”, declarou.

Na avaliação do empresariado local, a opção nuclear pode ser uma boa saída para criar uma reserva técnica para a produção de energia. “A energia eólica, além de ser mais cara, não oferece sustentação em todos os pontos do Nordeste. Temos que ter energia firme. A energia nuclear é capaz de suprir em volume e quantidade. Na Europa, ela é a base da matriz energética de muitos países. Por isto, apoiamos, claro, a defesa da Chesf. Não temos a menor dúvida”, explicou.

Na avaliação favorável ao uso da energia nuclear, a Fiepe leva em conta a questão da competitividade regional. “O Brasil está tendo problemas com o gás da Bolívia. Isto atrapalha a competitividade das empresas. Aqui no Nordeste, para atrairmos novos investimentos para a região, temos que ter uma reserva técnica boa”, afirmou.

Já o presidente do Centro das Indústrias de Pernambuco (Ciep), Aurélio Nogueira, defende o uso de energia limpa, embora não tenha estudado as duas opções ainda.

“Temos necessidade de geração de energia para o Nordeste e achamos que o melhor seria a energia eólica. Não estudamos a opção nuclear. O que eu sei é que o investimento é muito alto e no mundo inteiro há rejeição por órgãos de defesa do meio ambiente”, afirmou.

O professor da UFPE Everaldo Feitosa, vice-presidente da World Wind Energy Association (Associação Mundial de Energia Eólica), diz que o Nordeste tem o maior potencial de energia eólica do mundo, podendo vir a gerar até dez vezes mais (100 mil megawatts) do que se produz hoje com origem hidráulica (11 mil megawatt). “No Proinfa, já estão contratados 800 megawatts até 2008, com investimentos de R$ 1 bilhão”.

O economista Rubens Vaz da Costa, ex-presidente da Chesf e defensor da opção nuclear, concorda que a energia éolica pode ser usada de forma complementar, mas nunca como a principal opção depois das usinas hidrelétricas, por conta do custo elevado. “Não é a toa que, na matriz de energia elétrica do Brasil, a energia eólica aparece com 136.850 kW instalados, correspondentes a 0,13 por cento da potência total”, declarou.
(Jornal do Commercio - PE, 10/10/2006)
http://jc.uol.com.br/jornal/2006/10/10/not_204157.php

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