O leilão de oferta de sementes certificadas para troca por variedades comuns, que ocorre
amanhã (11/10), demonstrará a confiança ou não de sementeiros na operação financiada pelo
governo federal. Esboçado há mais de um mês, o programa troca-troca só agora começa a decolar,
mas os números ainda são tímidos.
No primeiro pregão, em 29 de setembro, os sementeiros ofertaram 33,6 mil toneladas, mas até
ontem à tarde (09/10) cerca de 380 produtores haviam manifestado a intenção de entregar seus
grãos próprios. Em um cálculo aproximado, a superintendência estadual da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) estima que esses agricultores representem uma demanda de aproximadamente
mil toneladas - muito pequena em relação à oferta. A boa notícia é que, nos últimos dias, o
ritmo de chegada dos pedidos dos agricultores cresceu vertiginosamente, relata o
superintendente da Conab, Carlos Farias.
A Cotrimaio, por exemplo, é produtora de sementes e ofertou 3 mil sacas do produto no leilão.
O presidente, Antônio Wünsch, afirma que não deverá ser difícil reunir agricultores na região
do Alto Uruguai para absorver a quantidade.
- Tenho certeza que (o troca-troca) vai andar, porque a procura é muito grande. Só falamos
sobre isso no nosso programa de rádio e já choveu agricultores aqui. E foi só hoje (ontem) que
começamos a operacionalizar - diz Wünsch.
A participação mais efetiva das cooperativas, definida semana passada, e o estabelecimento de
regras menos burocráticas são os responsáveis pelo novo impulso ao troca-troca. Agora, os
agricultores podem entregar seus grãos no armazém da cooperativa mais próxima.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Sementes do Estado, Narciso Barison, a
procura pelo produto ainda está devagar. O dirigente prefere não arriscar uma previsão de
participação dos associados no leilão de amanhã, que abrange 49,394 mil toneladas.
Ministério fiscaliza sementeiras
Anunciada no dia 21 de setembro como uma operação para evitar a venda de sementes transgênicas
contrabandeadas no Estado, a fiscalização sobre grãos piratas começou no início da semana
passada resumindo-se a blitz nas 37 sementeiras que se credenciaram para participar dos
leilões do programa troca-troca. Segundo o superintendente da pasta no Estado, Francisco
Signor, a ação serve para evitar que variedades ilegais sejam utilizadas na troca.
- Estamos coletando material para ver se não vai ser trocado gato por lebre, para nos
certificar de que a semente oferecida no leilão é realmente o cultivar anunciado e não é
pirata também - explicou Signor.
(Por Sebastião Ribeiro,
Zero
Hora, 10/10/2006)