O teste nuclear subterrâneo realizado ontem (09/10) pela Coréia do Norte evidenciou o fracasso do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e poderia estimular o Irã em sua própria corrida nuclear. Esta foi a primeira explosão nuclear produzida desde que o Paquistão realizou seis ensaios em 1998, somando-se à sua rival Índia no grupo de países que têm a bomba atômica.As três nações, assim como Israel, país suspeito de ter um arsenal nuclear, já vinham colocando em xeque o TNP, tratado destinado a impedir a multiplicação do armamento atômico.

A Coréia do Norte se retirou em 2003 do TNP, assinado por 188 países, transformando-se no único Estado a desrespeitá-lo, e dois anos depois anunciou que havia desenvolvido uma bomba nuclear. Índia e Paquistão nunca ratificaram o TPN. Os especialistas em não-proliferação expressaram ontem seus temores de que o ensaio norte-coreano estimule o Irã a continuar com suas próprias ambições nucleares. "Se a Coréia do Norte continuar com seu o programa, isso estimulará o Irã a fazer o mesmo", disse Joseph Cirincione, da Center for American Progress. A Coréia do Sul, Taiwan e Japão, vizinhos preocupados com o poderio da Coréia do Norte, poderiam também rever sua condição de países livres de armas atômicas. "O TNP pode ficar em frangalhos", afirmou.

O Japão, observam os analistas, agora se pergunta se deverá se dotar de armas atômicas, um tema que durante mais de meio século foi tabu no único país do mundo vítima das bombas atômicas. Para agência nuclear da ONU (Aiea), a ação da Coréia do Norte pôs em risco não só a segurança da região asiática, mas todo o sistema de desarmamentointernacional criado a partir dos anos 60. Ontem, o diretor da Aiea, Mohamed El-Baradei, deu o tom ao se declarar "profundamente preocupado" diante da "provocação" do Norte.
(Correio do Povo, 10/10/2006)
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