(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-10-10
Às vésperas do Ano Polar Internacional, um acontecimento científico mundial criado para aumentar o conhecimento sobre os pólos, a capital da província argentina da Terra do Fogo, Ushuaia, se prepara para ser a principal via de entrada na Antártida. Desde o dia 28 de fevereiro, um relógio virtual marca, nessa cidade, a contagem regressiva para o Ano Polar, na verdade um biênio que acontecerá entre 1º de março de 2007 e 1º de março de 2009, buscando colocar as esquecidas regiões polares no centro da atenção. Em Ushuaia, a Cordilheira dos Andes se despede em pequenas ilhas, até se perder no Oceano Atlântico.

“O slogan de Ushuaia como o fim do mundo é bom para o turismo, mas na verdade somos parte da comunidade circumpolar e principal porta de entrada para a Antártida”, disse ao Terramérica Daniel Leguizamón, secretário-executivo da Comissão Organizadora do Ano Polar Internacional na Terra do Fogo, financiada exclusivamente pelo governo dessa província. “Para uma população – de 54 mil pessoas – formada por imigrantes de outras regiões do país, é difícil pensar que existe algo mais abaixo, mas estamos a três mil quilômetros de Buenos Aires e a apenas mil quilômetros da Antártida”, ressaltou.

“Noventa e dois por cento dos turistas do mundo que vão à Antártida partem daqui”, acrescentou Leguizamón, e os guias dos cruzeiros já foram treinados para divulgar a importância do Ano Polar. A Comissão que preside está integrada por funcionários governamentais, empresários, cientistas, comerciantes, ambientalistas, educadores e guias turísticos. Trabalham há meses para promover este acontecimento. O Ano Polar consiste em uma campanha mundial de pesquisas e observações nos pólos, organizada pelo Conselho Internacional de Ciência e pela Organização Meteorológica Mundial. Estima-se que envolva cerca de dez mil pesquisadores de 50 países, entre eles Brasil, Argentina, Austrália, China, Nova Zelândia e Uruguai.

O objetivo é conhecer o atual estado ambiental nas regiões polares, medir mudanças nessas áreas tão sensíveis ao aquecimento global, melhorar observatórios, aumentar o conhecimento sobre a interação entre os pólos e o planeta, e pesquisar processos históricos sustentáveis em sociedades circumpolares. Os organizadores querem multiplicar o saber sobre essas regiões e sensibilizar a opinião pública e os tomadores de decisão sobre a importância destes ecossistemas para a vida no planeta. “Esperamos ampliar nossos conhecimentos com projetos novos, originais, e deixar como legado novas bases de observação”, disse ao Terramérica Sergio Santillana, coordenador científico do Instituto Antártico Argentino.

Segundo este centro, a Argentina é o país latino-americano que mais projetos apresentou à comissão internacional e o que teve mais projetos aceitos. Um deles, que será realizado em cooperação com os Estados Unidos, é o monitoramento de um bloco que está na barreira de gelo Larsen. Foi instalada uma câmara e uma estação meteorológica que se perderão na medida em que o bloco se desprender, migrar para o Norte e ir se derretendo. "Essa simulação vai permitir a elaboração de modelos do que pode ocorrer na Antártida se a temperatura global continuar aumentando. A Argentina é o país mais próximo da região polar e é aqui onde serão sentidas as primeiras conseqüências da mudança climática”, afirmou Santillana.

O especialista disse que as mudanças não serão necessariamente desastrosas, e enfatizou que será preciso se adaptar. “No Pólo Norte, com o degelo completo previsto para dentro de 50 anos, podem surgir novas rotas comerciais; no Sul mudarão as correntes, que ficarão mais doces com o derretimento, o que trará modificações nas cadeias alimentares”, adiantou. Os cientistas locais do Centro Austral de Pesquisas Científicas (Cadic) e do Instituto Antártico realizam múltiplos projetos de pesquisa na Antártida e estarão envolvidos em, pelo menos, 30 programas para o Ano Polar, a maioria em cooperação com outros países. Além do que foi mencionado por Santillana, estão previstas observações da camada de ozônio, censos para medir o impacto do aumento da temperatura na fauna marinha e estudos sobre a função dos blocos como depósitos de carbono.

Este Ano Polar será o quarto Ano Polar desde o final do século XIX. O primeiro foi entre 1882 e 1883. Para o segundo foi preciso esperar até 1932-33. O terceiro, entre 1957 e 1958, foi chamado Ano Geofísico Internacional e deu lugar à redação do Tratado Antártico (1959), que congelou reclamações de soberania e comprometeu os países na preservação desse continente. “Não sabemos quais conseqüências pode ter este novo Ano Polar, mas sem dúvida, elas existirão”, previu Santillana, aventurando a possibilidade de que esse Tratado, do qual a Argentina faz parte, seja revisado pelos signatários.

Ushuaia busca ser a ante-sala das campanhas, uma função que no momento está concentrada no porto chileno de Punta Arenas, mais distante da Antártida. “Queremos ser um elo para cientistas de todo o mundo”, disse Leguizamón. Isso significa colocar a logística à disposição dos pesquisadores: aeroporto, portos, depósitos, quebra-gelos, combustíveis, guias treinados para se orientar no gelo, equipamentos para se movimentar na neve, ferramentas, roupa polar e víveres. “O Ano Polar precisa de um ponto de apoio em Ushuaia e nós queremos ser parte dele. É uma atividade que reforça nossa identidade como comunidade polar”, afirmou Leguizamón.
(Por Marcela Valente, Terramérica, 09/10/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=23270&edt=1

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -