A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) Henrique Luis Roessler investiga as causas
do que pode ser a mais grave mortandade de peixes registrada no Rio dos Sinos nos últimos
anos. O problema foi identificado no sábado à tarde (07/10), durante um passeio do barco do
Instituto Martim Pescador, que trabalha pela preservação da bacia hidrográfica do Sinos.
Ontem à tarde (08/10), técnicos da Fepam e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de São
Leopoldo percorreram um trecho de 10 quilômetros do rio, entre São Leopoldo e Sapucaia do Sul,
onde a situação é mais crítica. Segundo o biólogo e diretor técnico da Fepam, Jackson Müller,
milhares de peixes, de pelo menos 10 espécies, morreram. Entre os mortos, estavam jundiás,
dourados e grumatãs, espalhados ao longo de 15 quilômetros do Sinos.
Uma análise preliminar indicou como causa da mortandade o lançamento clandestino de efluentes
industriais no Arroio Portão, que drena os municípios de Portão, Estância Velha e parte de
Ivoti, e chega ao Sinos no limite de São Leopoldo e Sapucaia do Sul. Com o excesso de carga
poluidora, os peixes ficam sem oxigênio e sobem à superfície, onde acabam morrendo.
- O rio está branco de peixes mortos, de todos os tamanhos. É entristecedor. Em 22 anos, nunca
tinha visto algo tão grave - lamenta Müller.
Técnicos da Fepam coletaram material para análise e também devem trabalhar, a partir desta
semana, junto à bacia do rio, para investigar de onde podem ter saído os detritos. Além disso,
estações de captação de água devem ser alertadas para que verifiquem a qualidade da água.
Hoje, em torno de 1,3 milhão de pessoas são abastecidas pelo Rio dos Sinos.
Cena impressionou os participantes de passeio
A grande quantidade de peixes mortos na superfície do Sinos chocou um grupo de quase 50
pessoas que passeava de barco na tarde de sábado.
- Estávamos em um passeio agradável, quando deparamos com aquela cena horrível. As crianças
ficaram assustadas, porque viam os bichos agonizando. Impressionadas, minhas netas
fotografaram tudo para mostrar para a professora - relatou o policial civil de São Leopoldo
Ricardo Guntzel Zabka, 47 anos.
O presidente do Instituto Martim Pescador, Henrique Prieto, que também participava do passeio,
deve entregar, hoje (09/10), um documento sobre a situação do rio ao Ministério Público.
- Navego no Sinos há mais de 30 anos e fiquei assustado com o que vi. Contamos mais de 10
espécies mortas. Entregaremos ao Ministério Público fotos, um abaixo assinado de todos os que
estavam no barco e descrições da mortandade feitas por biólogos - afirma Prieto.
(Por Carla Dutra,
Zero
Hora, 09/10/2006)