(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-10-06
Havana e Nova Orleans podem viver tranqüilas está temporada de tempestades. Quando El Niño se manifesta, como agora, diminuem a intensidade e a freqüência dos furacões no Caribe e aumenta o risco de aparecerem no Oceano Pacífico. La Niña, contraparte do El Niño, incide em mudança fazendo com que os furacões na bacia do Caribe sejam mais fortes e mais freqüentes. Essa é uma das relações traçadas pelos cientistas que estudam os impactos globais do El Niño - Oscilação do Sul (ENOS), ou ENSO, siglas de El Niño-Southern Oscillation. Este fenômeno está de volta, com 60% de probabilidades de que continue se desenvolvendo nos próximos meses, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa sobre o Clima e a Sociedade, com sede na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

“A comunidade cientifica redefiniu o ENOS várias vezes. Hoje se considera que esse fenômeno se manifesta quando a temperatura superficial da água varia em mais de meio grau acima do normal durante pelo menos cinco meses seguidos” no Pacífico ocidental, central ou oriental, disse à IPS Max Henríquez, subdiretor de Meteorologia do Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais da Colômbia (Ideam). Desta vez, a anomalia começou a ser observada em abril e com tendência a se confirmar em julho, segundo um relatório do Centro de Previsão Climática norte-americano ao qual a IPS teve acesso, mas as camadas superiores do oceano começaram a aquecer levemente em toda a bacia desde fevereiro.

A temperatura superficial das águas oceânicas aumentou desde início de agosto a uma média de 1,5 graus na costa ocidental da América do Sul. Com aumento de mais de três graus já se considera que se está diante de um Niño “forte”, e entre um e dois graus é qualificado de “moderado”. Existe a hipótese de as grandes erupções vulcânicas serem a origem do fenômeno. “De fato, os episódios de El Niño mais fortes estão precedidos” destas explosões, recordou Henríquez. “Por exemplo, na temporada 1982-1983 foi registrado um dos “Niños” mais fortes, antecipado por uma erupção do Vulcão El Chichón, no sul do México”, afirmou

“O Monte Pinatubo, nas Filipinas, teve em 1991 uma das maiores erupções da história, e também se registrou o fenômeno El Niño imediatamente depois”, acrescentou. O especialista também contou que outro ENOS de intensidade “muito forte” foi verificado depois que o Vulcão Soufriere Hill, na ilha de Montserrat (território de ultramar britânico no Caribe), e o Popocatépetl, perto da capital do México, registraram em 1997 “erupções estratosféricas, ou sejam, expeliram partículas a mais de dez quilômetros de altura”. Assim, entre 1997 e 1998, a costa do Pacífico do México até o sul do Peru foi afetada pelo El Niño.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, a temperatura superficial da água aumentou até cinco graus acima do normal desde então. El Niño faz parte da dinâmica da natureza e não é um efeito da mudança climática provocada pela atividade humana. Apesar de acelerar temporariamente o derretimento da camada superficial das geleiras da Cordilheira dos Andes e favorece os incêndios florestais, afirmam especialistas. Trata-se de um fenômeno cíclico, mas aleatório (pode ocorrer a cada dois ou sete anos), de intensidade variável, ainda imprevisível e, em todo caso, de origem e impacto globais, conforme se reconhece atualmente.

Surge quando muda a pressão atmosférica no Pacífico ocidental em uma faixa de quatro graus de latitude norte e quatro graus ao sul da linha do Equador, diante da Nova Guiné e Indonésia, o que provoca alterações na direção e força habituais dos ventos alísios, que sopram de sudeste para noroeste no hemisfério sul, e nas correntes marinhas desse oceano. Em condições “neutras”, quando não há ENOS, os ventos alísios mantêm uma espécie de “empilhamento” de enormes massas de água quente do oceano na costa ocidental do Pacífico. Por isso o nível do mar nessa área costuma ser 50 centímetros mais alto do que na costa sul-americana e a temperatura superficial das águas cerca de oito graus mais alta.

O El Niño faz com que essas massas de água “empilhadas” a oeste se mudem lentamente para leste, na altura dos litorais peruano, equatoriano e colombiano, alterando, assim, o nível do mar e sua temperatura, com efeitos na temperatura atmosférica, causando marejadas na costa do Pacífico desses países e mudanças radicais no regime de chuvas nos dois lados do maior oceano do planeta. O efeito contrário, quando as águas do Pacífico esfriam abaixo do normal na costa sul-americana, é identificado como La Niña, embora para os cientistas está fase e o El Niño sejam duas faces do mesmo ENOS. A hipótese sobre as grandes erupções vulcânicas pretende compreender o que freia os ventos alísios.

Quando há erupções estratosféricas, isto é, que expulsam cinzas vulcânicas acima dos dez ou 12 quilômetros de altitude, para cima da troposfera que habitamos, essas partículas se expandem ao redor de todo o planeta e refratam, refletem e difratam a luz solar, diminuindo a quantidade de energia que chega à superfície terrestre. Como os ventos dependem da energia solar e da rotação da Terra sobre seu eixo, essa alteração faz com que “os alísios enfraqueçam”, explicou Henríquez. Desta vez, El Niño foi precedido pela erupção estratosférica no dia 12 de julho do Vulcão Galeras, nas proximidades da cidade colombiana de Pasto, que lançou cinzas a mais de 12 quilômetros de altura, e da erupção dias 16 e 17 de agosto do Tungurahua, no Equador, ativo desde 1999 e que expeliu partículas a cerca de 15 quilômetros de altura.

“No dia 15 de agosto havia no mundo 17 vulcões em diferentes fases de erupção e em condição de alerta amarelo ou vermelho”, disse à IPS o ecologista colombiano e especialista em desastres Gustavo Wilches-Chaux. Mas ressaltou que a relação entre erupções estratosféricas e El Niño ainda se mantém como uma pergunta. Quando aparece o ENOS, fase El Nino, algumas coisas acontecem ao contrário durante sete e 28 meses, segundo medições. A temperatura marinha no sudeste asiático esfria e na costa sul-americana esquenta. Assim, surge o fantasma da seca em lugares onde habitualmente chove muito, ou o suficiente, como é o caso da costa colombiana do Pacífico.

Mas em regiões secas, como a ribeira peruana, os Estados norte-americanos da Califórnia (oeste) e da Florida (sudeste) e em Cuba ocorrem tempestades. Também são registradas tempestades de areia com as terras férteis da Austrália ou se produz um tufão no Taiti. A fome na África oriental, causada por secas fora do comum, são, em parte, atribuídas ao El Niño. O ENOS também faz várias espécies mudarem seus hábitos migratórios, com risco de extinção para algumas. O aumento da temperatura da superfície da água diminui o plâncton, habitualmente trazido pela Corrente de Humboldt, que é fria e flui em águas profundas procedente do Oceano Glacial Antártico.

Isso “provoca a migração ou a morte em massa de aves e peixes e o conseqüente desastre para as indústrias pesqueira e guaneira”, disse Wilches-Chaux. “O Peru sofreu conseqüências catastróficas com El Niño entre 1972 e 1973 e entre 1982 e 1983”, afirma o especialista em seu livro intitulado “Qu-ENOS passa?”, atualmente em fase de publicação. Esse trabalho se baseia em um estudo feito pela Rede de Estudos Sociais sobre Desastres com financiamento do Inter American Institute (IAI), sofre os efeitos do ENOS em vários países americanos, desde a Flórida até a Argentina.

O El Niño de 1982-1983 foi que abriu os olhos da comunidade científica mundial, enquanto o de 1997-1998 mostrou que se tratava de um fenômeno global. “Há 20 anos que El Niño foi identificado como principal responsável pela variação do clima em nível mundial”, segundo o meteorologista Henríquez. Graças a uma cooperação internacional horizontal e solidária, hoje “se sabe quase tudo” a respeito, afirmou. Mas ainda não se conhece perfeitamente suas dinâmicas. “Há muito conhecimento sobre a relação oceano-atmosfera, mas, não está totalmente definida”, acrescentou.

No inverno boreal, El Niño produz chuvas mais fortes no sudeste e sudoeste dos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, seca no habitualmente chuvoso noroeste costeiro do Pacífico. Por ocasião da El Ninõ de 1997-1998, na Flórida choveu 200% mais do que o normal entre outubro e dezembro, mas em abril e junho, quando em seguida surgiu La Niña, foi registrada a pior seca e a mais alta temperatura atmosférica em 104 anos, pode-se ler no “Qu-ENOS passa?”.

Segundo Wilches-Chaux resumiu para a IPS, El Niño na Colômbia costuma provocar seca, mas La Niña, por outro lado, costuma causar chuva. Mas também durante El Niño há precipitações abundantes em algumas regiões isoladas, com o conseqüente risco de inundações, acrescentou. “Na costa norte do Peru e na equatoriana (Piura e Guayaquil, respectivamente), El Niño significa tremendas e prolongadas chuvas”, ressaltou.
(Por Constanza Vieira, Envolverde, 05/10/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=23187&edt=1

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -