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2006-10-06
Na capital da China ainda há 2,4 milhões de pessoas que diariamente se locomovem de bicicleta, mas a cada dia aparecem nas ruas mil novos automóveis, com seu conseguinte impacto ambiental. No dia 22 de setembro foi celebrado o Dia Mundial sem Automóvel. Mas as ruas de Pequim estiveram tão abarrotadas de veículos como de costume, com o céu transformado em uma monótona sombra cinza. A quantidade de automóveis que circularam durante essa jornada converteu em gozação a iniciativa internacional, adotada por centenas de cidades para que seus cidadãos utilizassem voluntariamente bicicletas ou transporte público.

“Uso bicicleta desde a escola”, disse o famoso ambientalista chinês Liang Congjie. “Mas nos últimos anos não me sinto seguro nas ruas de Pequim. Tenho de pegar táxi, porque cada vez mais automóveis utilizam os caminhos para bicicletas. Os veículos particulares agora são verdadeiros déspotas do asfalto”, afirmou. O Banco Mundial prevê que, para 2020, pelas estradas da China circularão 170 milhões de veículos. Nessa oportunidade, o parque automotivo deste país terá ultrapassado o dos Estados Unidos.

“Cada vez mais chineses poderão comprar seu próprio veículo”, disse John Humphrey, gerente de operações da China da consultora da indústria automobilística J. D. Power Asia Pacific, com sede nos Estados Unidos. “O ritmo do mercado de veículos da China é incrível, mas a demanda continua crescendo”, acrescentou. A cada ano são vendidos sete milhões de unidades. Esse ano superou o Japão, ao se converter no segundo mercado automotivo do mundo, depois dos Estados Unidos, onde anualmente são vendidos mais de 16 milhões de automóveis. A eventualidade de que cada família chinesa tenha um automóvel é um dos cenários com o qual os especialistas calculam o impacto ambiental desse fenômeno.

Os veículos dos Estados Unidos representam cerca de 5% das emissões mundiais de dióxido de carbono, segundo o Departamento de Energia desse país. Se a China igualar os EUA na posse de automóveis por habitante, o país teria uma enorme participação na liberação mundial desse gás na atmosfera, o que eclipsaria qualquer redução das emissões do resto do mundo. “A China já não pode se dar ao luxo de sacrificar as preocupações ambientais em nome da prosperidade”, disse à IPS Xue Ye, diretor-executivo da Amigos da Natureza, a maior organização ambientalista chinesa.

Ninguém está mais preocupado com as conseqüências desse crescimento tão prodigioso do que o governo chinês. As autoridades haviam prometido que os Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim seriam “verdes”, e têm menos de dois anos para solucionar os cada vez maiores problemas de contaminação atmosférica e engarrafamentos na capital. Inclusive, consideram impor uma proibição temporária aos veículos particulares durante os Jogos, mas isso seria apenas uma medida provisória diante do problema real que sofrem as cidades chinesas.

“Em lugar de destinar recursos para mobilizar pessoas e construir uma Rede de Trânsito de Massa, a China investiu fortemente no desenvolvimento de sua indústria automobilística”, explicou o ativista Rob Watson, do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, organização com sede nos Estados Unidos. Na medida em que os cidadãos ficam mais ricos e pretendem imitar o consumismo de seus pares do mundo industrializado, Pequim caminha na corda bamba na hora de equilibrar a promessa de maior qualidade de vida com um controle rígido da contaminação e da demanda de petróleo.

O dilema não é fácil para um governo concentrado na modernização e que pretende ver o país unido, o mais rápido possível, às fileiras das sociedades de consumo do Norte industrial. Enquanto se preocupa com os problemas do transito urbano e da poluição do ar, a prefeitura de Pequim controla e se beneficia da Pequim Automotive Industry Corp., fabricante de automóveis que tem empreendimentos conjuntos com as firmas Daimler Chrysler e Hyundai Motor Co.

O mesmo ocorre com Xangai, cujos líderes recebem pagamento da estatal Shanghai Automotive Industry Corp., e com a cidade de Guangzhou, bem como com quase todas as demais cidades de primeiro nível do país. “Há enormes ganhos a serem obtidos com a indústria automobilística”, afirmou Li Dun, do Centro de Pesquisas Contemporâneas da China na Universidade Tsinghua. “Mas isso tem seu preço: a tensão do meio ambiente e dos recursos energéticos”, acrescentou. A indústria automobilística da China, que emprega 1,7 milhão de pessoas, é um dos pilares da economia nacional, dando trabalho e gerando grandes ganhos com impostos.

Os fabricantes de caminhões e automóveis da China agora começam a incursionar em mercados externos, e vendem seus veículos para Irã, Síria, Egito, Indonésia, Vietnã e outros países. Limitar o rápido crescimento desse mercado nesta fase pode ser não apenas difícil, mas também politicamente explosivo. Para a classe média em expansão, comprar um ou dois carros significa aspirar o nível de vida do mundo industrializado. Alguns especialistas consideram impensável transformar em cacos o sonho da classe média chinesa. “A maioria dos consumidores individuais que compra automóveis novos na China – mais de 80% - o fazem pela primeira vez”, disse Humphrey ao Clube de Correspondentes Estrangeiros em Pequim.

A capital chinesa, com 2,5 milhões de veículos – mais do que qualquer outra cidade do país – praticamente não tem limites no uso de automóveis. Preocupados com o descontentamento público, os líderes chineses também evitam um imposto sobre o consumo de combustível. Por outro lado, as autoridades centrais optaram por instituir novos critérios de economia de combustível para automóveis e caminhões produzidos internamente, bem como regulamentações também rígidas para as emissões geradas pelos veículos. Uma vez plenamente implementadas, em 2008 e 2010, respectivamente, estas regulamentações colocarão os carros chineses em acordo com as normas da União Européia.

A campanha para melhorar o meio ambiente do país corre paralela à preocupação pelo impacto do crescimento do parque automotivo na segurança nacional em matéria de abastecimento de petróleo. Os carros chineses utilizam uma proporção cada vez maior do petróleo consumido na China, de até 10% em meados dos anos 90 até prováveis 40% em 2010, segundo o governo. Cerca de um terço do atual consumo de petróleo chinês procede da importação, e os especialistas projetam que para 2010 o país dependerá de importações para atender 70% de suas necessidades petrolíferas.

No começo deste ano, o governo revogou a proibição de uma década à circulação de veículos pequenos na capital, criada na época para incentivar a compra de modelos mais eficientes. Também impôs taxas aos automóveis que consomem grande quantidade de combustível e começou a experimentar tecnologias mais amigas do meio ambiente, como motores movidos a hidrogênio e biocombustivel. Mas para a China se converter em uma pioneira ambiental dependerá do compromisso de seu governo para implementar os padrões que estabelece e cumprir seus ambiciosos pronunciamentos verdes, segundo especialistas.

“Há consenso público no sentido de que não temos de seguir o caminho dos Estados Unidos, construindo tantas estradas, produzindo tantos carros e usando tanto petróleo”, afirmou Li Dun. “O problema é como implementar esse consenso. Ainda há muitos dirigentes da cidade, e inclusive alguns ministério do governo central, que nos levam por este mesmo caminho”, ressaltou.
(Por Antoaneta Bezlova, Envolverde, 05/10/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=23188&edt=1

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