Embora inalienáveis e constituindo-se patrimônio da cidade segundo a Lei Orgânica do
município, no decorrer da nossa história e, até hoje, muitas áreas verdes (praças, parques,
unidades de conservação e reservas ecológicas) têm sido utilizadas de forma contrária à sua
função primordialmente ambiental, cultural e social e, portanto, pública.
As praças, por exemplo, são planejadas, projetadas e executadas para uso livre - todavia
respeitoso - de toda a comunidade. Por isso, é inaceitável o seu uso privado. Refiro-me aos
proprietários de cães que transformam praças em "depósitos" de dejetos de animais ou àqueles
que, simplesmente, jogam seu lixo no chão. Refiro-me, ainda, aos vândalos que depredam e
comprometem monumentos, canteiros e benfeitorias de nossas praças.
Há, também, outros tipos de "privatização" desses nobres espaços. Falo de praças que foram
invadidas ou "concedidas" a clubes, associações ou terminais de ônibus e lotações. Ou
daqueles que, em virtude de um problema social ou não, fazem da praça a sua residência
permanente.
Cabe ao poder público, além de oferecer alternativas para reintegração dessas pessoas a uma
condição digna de cidadania, zelar pela garantia das funções essenciais das áreas verdes,
que devem ser públicas, democráticas e de livre uso da poli. Por isso, a prefeitura montou
um grupo de trabalho envolvendo diversos órgãos municipais e organizações da sociedade
civil, que passaram a agir coordenadamente para coibir o uso indevido de áreas públicas. Os
moradores de rua que ocupam praças são previamente abordados e, em seguida, convidados a
dirigirem-se aos abrigos municipais com seus pertences. Materiais como pedaços de madeira,
colchões e papelão são recolhidos. Nessas abordagens, encontramos pessoas com os mais
diversos problemas de saúde ou até mesmo espancadas, crianças e idosos abandonados pelos
familiares e, inclusive, foragidos da polícia. Conforme a necessidade, essas pessoas são
encaminhadas para tratamento médico ou para os serviços de apoio social.
Os objetivos que norteiam as ações desse grupo são minimizar os efeitos de uma realidade
excludente social e economicamente e garantir um mínimo de qualidade de vida para toda a
população. Como titular da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, portanto, afirmo com toda
a convicção que, mais do que nunca, estamos empenhados em devolver as praças a quem elas
pertencem: a todos, indiscriminadamente.
(Por Beto Moesch, secretário de Meio Ambiente
de Porto Alegre,
Zero
Hora, 06/10/2006)