Mexilhões dourados serão grave problema no rio Caí no verão
2006-10-06
Desta vez, a vistoria nas Estações de Tratamento de Água Um e Dois (ETA) da Companhia
Riograndense de Saneamento (Corsan) não surpreendeu. Cerca de 70 dias depois da dragagem
feita pela equipe da Seasul Mergulhos, o ETA1 está em pior estado.
O mergulhador Robert Wagner Soares dos Santos comentou que a situação vai piorar, e muito,
tanto no ETA1 quanto no ETA2. Segundo ele, o molusco se adaptou às águas quentes do Brasil e
se reproduz com velocidade surpreendente no verão, sendo uma preocupação para as empresas de
tratamento de água. Apesar de ter chegado via mar, preso nos cascos de navios vindos do
Oriente, Santos revelou que ele já é encontrado nos rios mais interiorizados, em todo
Estado, incluindo o Rio Caí.
As causas são a intensa procriação no inverno e o desenvolvimento (crescimento) nos períodos
com temperaturas elevadas. Uma amostra dos mexilhões foi retirada para análise. A última
limpeza feita pela equipe de mergulhadores foi em maio, quando os técnicos retiraram
centenas de quilos de moluscos. A tarefa durou cerca de três horas.
O método utilizado é também chamado de sucção. Uma moto-bomba é empregada, funcionando como
um aspirador. Dentro do poço, o mergulhador faz a raspagem das paredes e direciona a ponta
da mangueira para o fundo. Depois que cai, o mexilhão se mistura com a grossa camada de lodo
e é jogado para fora. Ao passar pelo motor da bomba, ele é triturado, o que permite ser
lançado novamente no Rio Caí. Robert explicou que, depois de esmagado, ele não oferece mais
perigo de reprodução.
Proliferação do molusco ainda não tem solução
De acordo com Santos, ainda não há uma solução concreta e definitiva para o problema causado
pelos mexilhões. O único repelente que poderia ser utilizado é extremamente caro e seu
efeito dura cerca de cinco meses. Além disso, a substância é tóxica, o que torna
impraticável a utilização do produto em tubulações de água.
Os principais causadores da proliferação desses moluscos são embarcações que passam de
ambientes contaminados para outros considerados livres e pessoas que coletam o molusco,
criam em casa e depois o jogam em qualquer local. Outros focos são as canalizações de arroz,
que sugam água em abundância, trazendo o mexilhão, e embarcações que não são limpas
constantemente.
Quando adulto, o Mexilhão atinge até quatro centímetros. É formado por duas conchas e vive,
em média, três anos.
(Por Patrícia Jurema da Cruz, Jornal Ibiá, 05/10/2006)
http://www.jornalibia.com.br/