Flores podem ser usadas para produzir defensivos naturais
2006-10-05
O Rio Grande do Sul tem o maior consumo per capita de flores do País. Estudos apontam
que, enquanto o brasileiro gasta, em média, R$ 12,00 em flores no ano, o gaúcho destina
cerca de R$ 60,00 na compra do produto, no mesmo período.
O mercado para a produção é promissor. Com 750 plantadores cultivando 800 hectares,
apenas 35% das flores vendidas no Estado saem de solo gaúcho. Para suprir a demanda, 65%
do necessário é importado de São Paulo, que detém 70% da produção nacional. Em todo o
País, o comércio de flores e plantas ornamentais faz girar US$ 25,7 milhões.
Os dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) e da Associação
Rio-grandense de Floricultura (Aflori) foram apresentados na noite de sexta-feira (29/09), no
encontro que reuniu produtores, floristas, paisagistas, técnicos e agrônomos. Realizado
pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o evento ressaltou as vantagens da
produção orgânica de flores e plantas ornamentais.
Um dos palestrantes, o engenheiro agrônomo da empresa Dalquim, Erno Schuch, destacou os
benefícios do óleo de Neem, originário da Índia, proveniente da chamada “árvore da
vida”. Segundo ele, a planta utilizada há séculos com fins medicinais passou a ser usada
como adubo, inseticida e fungicida naturais, sendo introduzido no Brasil em 1986.
“Obtido a partir da prensagem dos frutos, o óleo de Neem é biodegradável e atóxico a
seres de sangue quente”, garantiu. Ele explicou que a presença do princípio ativo
azadirachtina repele os insetos, que têm afetados o seu crescimento e reprodução
interrompidos. “O Neen controla lagartas, cochonilhas, traças, ácaros, pulgões,
mosca-da-fruta e muitos outros”, afirmou ele, salientando que, além do óleo para ser
diluído em água, o produto está disponível na forma de torta, para ser misturado ao
substrato.
Vantagens
Entusiasta da produção ecológica, o floricultor Clóvis Berger assistiu às palestras.
Ele ressaltou a importância de produzir respeitando o ambiente. “Não é apenas uma
tendência, mas uma necessidade, pois não podemos continuar enchendo o mundo de veneno”,
opinou ele, salientando que a flor produzida com insumos ecológicos é mais resistente ao
transplante e produz com mais rapidez.
O casal de floristas Omar e Erna Herbets tem comprovado, na prática, as vantagens da
produção orgânica. Segundo ele, petúnia, amor-perfeito, samambaia, todos respondem com
uma produção mais sadia e muito mais viçosa.
Além da vantagem de proteger quem aplica o insumo natural, a produtora de bromélias,
Rosvita Borba, ressaltou a melhor relação custo-benefício do produto orgânico. Ela, que
costumava buscar orientações na cidade paulista de Holambra, elogiou a iniciativa da
Afubra. “Faltava mesmo um lugar que reunisse a venda de produtos e a orientação técnica
especializada.”
(Gazeta do Sul, 04/10/2006)
http://www.gazetadosul.com.br/default.php?arquivo=_noticia.php&intIdConteudo=62437&intId
Edicao=971