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2006-10-05
Quem chega a Correia Pinto, município de 20 habitantes na Serra Catarinense, pode até não perceber. Mas a apenas 2,5 quilômetros do Centro e a menos de 100 metros da BR-116, um lixão a céu aberto mancha a paisagem de verdes campos e plantações de pinus. Por mês, a área recebe 200 toneladas de detritos.

O local é uma área de terra onde todo o lixo do município era depositado até poucos dias atrás. O solo do terreno chega a ser úmido, tamanha a quantidade de chorume que escorre do lixo.

Gercino da Luz Nunes de Jesus, 62 anos, há dois trabalha no aterro. Durante este tempo, já ouviu várias reclamações de pessoas que chegam a sentir o odor a vários metros dali.

- Quando o sol aparece depois da chuva, o cheiro fica muito ruim, e as moscas tomam conta. Sou obrigado a espalhar veneno por tudo. Aí vêm os porcos para comer o lixo, e tenho que espantá-los. É uma situação complicada - relata.

Fatma multa empresa e prefeitura
Para os serviços de coleta de lixo em Correia Pinto, a prefeitura contratou uma empresa de Colombo (PR), que, por sua vez, repassou o contrato à Andreatta Natural Recicle, sediada em Lages e responsável pelo aterro.

Na segunda-feira (2/10), fiscais da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) receberam uma denúncia e estiveram no lixão. Pela disposição inadequada de resíduos sólidos (lixo doméstico), falta de licenciamento ambiental, unidade coletora e tratamento de resíduos urbanos, a Andreatta foi multada em R$ 50 mil.

A empresa tem 20 dias para elaborar a defesa prévia, pela qual pedirá a redução de 90% do valor e assumirá um compromisso com a Fatma para recuperar a área.

Informações obtidas na secretaria municipal de Meio Ambiente dão conta que o lixo de Correia Pinto segue desde terça-feira (3/10) para um aterro sanitário em Otacílio Costa através da nova empresa contratada, a Serrana.

Mesmo assim, segundo Cosme Polese, gerente de Desenvolvimento Ambiental da Fatma, o município é o primeiro responsável na questão e também foi multado.

Das 13h às 17h de ontem, a reportagem tentou por várias vezes entrar em contato com representantes da Andreatta, mas sem êxito, pois ninguém atendia ao telefone.

Mesma situação do secretário municipal de Administração, Diomedes Batista. Na prefeitura, em alguns momentos não se encontrava; em outros, estava ocupado. O celular estava desligado.

Restos hospitalares depositados
Ontem (4/10) de manhã foi encontrada no aterro de Correia Pinto uma grande quantidade de lixo hospitalar infectante, como seringas, luvas cirúrgicas e recipientes plásticos de soro fisiológico - a maioria com etiquetas do Hospital Faustino Riscarolli, de Correia Pinto.

Comunicada do fato por telefone, a assessora administrativa da instituição, Terezinha Fichtner, mostrou-se surpresa com o fato. Ela explicou que uma empresa de Chapecó é contratada há cerca de um ano e meio para dar a destinação correta ao material.

- A coleta é feita a cada 15 dias, e o lixo é depositado em um local no qual só a empresa tem acesso. Vamos investigar qual o procedimento adotado. É a primeira vez que tomamos conhecimento de uma atitude como esta, que pode render processo à empresa - salientou Terezinha.
(Por Pablo Gomes, Diário Catarinense, 05/10/2006)

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