Moradores atingidos por mau-cheiro de ETE em Passo Fundo decidem mover ação contra Corsan
2006-10-05
Em reunião na noite de terça-feira (04/10), moradores e lideranças comunitárias dos
bairros atingidos pelo cheiro exalado pela ETE (Estação de Tratamento de Esgoto)
Araucária resolveram mover ação na Justiça Comum contra a Corsan, responsável pela
estação.
Com um ofício da Associação de Moradores do Valinhos em mãos, os advogados responsáveis
pelo caso deverão passar nas residências dos bairros atingidos, analisar as diferentes
situações e convidar as famílias a mover uma ação contra a empresa.
Alguns moradores já estão enfrentando problemas de saúde devido ao mau cheiro, como
tosse, dor de cabeça e constantes enjôos. Uma moradora afirmou que já gastou uma boa
quantia para tentar acabar com as dores de cabeça. São 15 mil moradores nos três
bairros, mas quem sofre de verdade são os que residem mais próximos à ETE.
Os moradores estão também movendo uma ação civil pública para impedir o funcionamento da
estação. Há quase um mês, os bairros Valinhos, Hípica e José Alexandre Zachia realizaram
uma manifestação para tentar solucionar o problema.
A Corsan afirma que já colocou um produto químico nas lagoas de decantação, que deverá
ajudar a amenizar o cheiro, porém o efeito é a médio prazo. Os moradores reclamam ainda
que não foram consultados sobre a escolha da área e que agora muito pouco pode ser
feito. "Esperamos que o odor seja amenizado pelos produtos colocados pela Corsan para
que a gente pare de sofrer", ressalta o presidente do Valinhos, Sidnei Ávila.
Com a chegada do verão, a situação tende a piorar. O calor faz com que o odor se
intensifique. A superintendência da Corsan em Passo Fundo já afirmou ter feito o que
estava ao seu alcance.
Ministério Público
O promotor público Paulo Cirne afirma que providências já estão sendo tomadas pela
Corsan. Ele explica que antes mesmo de os moradores entrarem com o requerimento pedindo
solução do caso, o MP havia solicitado que a companhia de saneamento passasse algumas
informações.
Dentre essas informações, está a de que como o tratamento está em fase inicial, o
processo que leva à decomposição da matéria orgânica e que causa o forte odor ainda não
está completo. Para agilizar esse procedimento foi acrescentado um produto químico ao
esgoto. Porém, novamente o processo é lento e os efeitos serão sentidos somente dentro
de dois ou três meses.
O promotor observa ainda que um outro fator a longo prazo irá funcionar como uma
barreira para o cheiro. Árvores foram plantadas, circundando toda a estação, mas ainda
estão em fase inicial de crescimento.
Para Cirne, o mais importante é que o poder público fiscalize essas áreas a fim de
evitar que novas moradias sejam construídas nos locais mais próximos da estação.
(Por Daiane Tonial, O Nacional, 04/10/2006)
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