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2006-10-04
Quando o Presidente Bush retirou os Estados Unidos do Protocolo de Kyoto, uma das primeiras medidas tomadas ao assumir o cargo, o fez acreditando que o tratado seria danoso para a economia norte americana, e custaria milhões de empregos. Mas ao passo que as energias limpas tornam-se uma das indústrias que crescem mais rápido mundialmente, muito questionam se esta decisão não foi algo precipitada.

Ao discursar durante uma conferência do Partido Trabalhista na Inglaterra semana passada, o ex-presidente norte americano Bill Clinton disse que a vibração da economia Britânica se dá, em parte, devido ao fato que as mudanças climáticas estão sendo mitigadas através de medidas nacionais e internacionais, como Kyoto.

O rápido desenvolvimento do setor de tecnologias limpas está fornecendo uma nova fonte de empregos e um “nível de energia...que não estaria presente de outra maneira” para a economia Britânica, disse ele, ressaltando que a Inglaterra possui a menor taxa de desemprego entre os países do G8.

Enquanto isso, os Estados Unidos recusou Kyoto e agora enfrenta dificuldades econômicas, disse ele, experimentando um menor crescimento, e crescente perda de empregos. O déficit subiu vertiginosamente, disse ele, comentando que atualmente o México é o décimo maior credor do país.

A Inglaterra provou que é possível reduzir os custos dos investimentos em mudanças climáticas, disse Clinton, incitando os Estados Unidos a adotar tais esforços e liderar o mundo na criação de economias ‘low carbon’, dinâmicas e sustentáveis.

Não é a primeira vez que Clinton ressalta as oportunidades econômicas da luta contra as mudanças climáticas. Em maio, durante um discurso para empresários na Escócia, ele disse que “há muito dinheiro” nos emergentes mercados de energia limpa. “Se eu tivesse 25 anos, e estivesse começando novamente a minha vida, entraria (na área) das energia limpas,” disse ele. “Eu estaria bilionário antes de você perceber”.

O Tesouro Britânico deve publicar logo um relatório sobre a economia das mudanças climáticas, sendo desenvolvido pelo economista Nick Stern, o relatório pode ser visto como um esforço para persuadir a administração Bush a assinar o ambicioso tratado internacional.

Este problema foi um dos principais temas tratados na conferência do Partido Trabalhista. A secretária de assuntos externos, Margaret Beckett, disse que as descobertas de Stern indicam que não haverão custos para a Terra se mitigarmos as mudanças climáticas, mas literalmente custará para a Terra, assim como custará financeiramente, se não agirmos.

“Podemos transformar este fato, do peso do século para a oportunidade do século,” disse o Secretário do Meio Ambiente da Inglaterra, David Miliband. “Viver dentro dos limites de um planeta é uma oportunidade de criar uma economia mais competitiva.”

Enquanto isso, o Chancellor Britânico Gordon Brown, favorito para suceder Tony Blair como premier, disse que uma grande expansão em empregos novos será proveniente do meio ambiente.

O governo deve publicar ainda no outono (Hemisfério Norte) uma proposta demonstrando como a conservação do meio ambiente e a criação de empregos andam de mãos dadas, disse ele: economia de energia, tecnologias limpas e inovação. O setor poderia fornecer pelo menos 100.000 novos empregos para a população Britânica, disse ele.

A iniciativa para promover os benefícios de uma economia limpa veio ao mesmo tempo em que a empresa norte americana PricewaterhouseCoopers publicou uma redução dramática dos custos de mitigação das mudanças climáticas. O relatório da empresa concluiu que o mundo teria que sacrificar somente um ano do seu crescimento econômico ao longo das próximas quatro décadas para reduzir suficientemente as emissões de carbono para mitigar o aquecimento global.

O relatório promove uma estratégia “Green Growth Plus” (Crescimento Limpo Positivo), a qual permitiria um crescimento saudável contínuo enquanto as emissões seriam reduzidas em 60% até 2050, comparando com o nível alcançado se nada for feito.

“Nossas análises sugerem que há opções tecnologicamente acessíveis e com custo relativamente baixo para controlar as emissões de carbono na atmosfera. Estimativas indicam que o nível do PIB pode diminuir em no máximo 2-3% em 2050 se esta estratégia for adotada,” disse John Hawksworth, chefe de macroeconomia da PwC.

O relatório ecoa o alerta de Beckett que os custos de não fazer nada serão muito maiores do que os custos de agir para mitigar as mudanças climáticas. Enquanto tal estratégia envolveria um sacrifício econômico mínimo, a falha nas ações levará a “efeitos sócio-econômicos muito severos a longo prazo,” diz o relatório. Mas alerta que para que a estratégia tenha efeito, deve ser implementada sem mais atrasos.
( Por Fernanda B Müller, Carbono Brasil, com informações de UPI, 03/10/2006)
http://www.carbonobrasil.com/noticias.asp?iNoticia=15377&iTipo=5&idioma=1

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