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2006-10-04
Ativistas do Greenpeace fizeram ontem (03/10) círculos gigantes em plantações de milho em três continentes. O protesto marcou o início de uma campanha para proteger um dos mais importantes alimentos do mundo. Os círculos nas plantações apareceram na Espanha, nas Filipinas e no México. "A onda de protestos de hoje marca o início de uma campanha global para proteger o milho da contaminação genética", afirmou Geert Ritsema, coordenador da campanha de Engenharia Genética do Greenpeace Internacional.

O milho é uma espécie com grande potencial de contaminação, uma vez que duas plantas, mesmo separadas por longas distâncias, podem se cruzar facilmente. O Brasil também corre o risco de ver suas plantações convencionais contaminadas por transgênicos. Atualmente, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) está avaliando cinco pedidos de liberação para plantio e comercialização do milho transgênico – sendo dois da multinacional suíça Syngenta, dois da norte-americana Monsanto e um da alemã Bayer. No mês de agosto, o Greenpeace Brasil enviou à Comissão documentos comprovando as perdas econômicas sofridas por agricultores que tiveram suas plantações contaminadas na Espanha.

"A liberação comercial do plantio de milho transgênico poderá gerar graves casos de contaminação no Brasil, trazendo prejuízos para nossos agricultores, principalmente para os que trabalham com sementes convencionais ou possuem certificação orgânica", afirma Ventura Barbeiro, engenheiro agrônomo do Greenpeace. "O mundo inteiro está protestando contra o milho geneticamente modificado. A CTNBio não pode fechar os olhos para isso e deixar que o Brasil pague o preço da falta de precaução e sofra prejuízos econômicos e perda de biodiversidade em decorrência de uma futura contaminação".

Um dos protestos do Greenpeace de hoje aconteceu em Zuera, região de Zaragoza (Espanha). Os ativistas entraram em um campo experimental de milho transgênico e fizeram um círculo de 50 metros, marcando-o como uma área contaminada. Em Isabela, nas Filipinas, os ativistas do Greenpeace criaram um sinal de proibido com um "M" de 45 metros em uma plantação convencional, mostrando que é proibida a entrada da Monsanto na área. A empresa vende as sementes geneticamente modificadas mesmo em províncias consideradas áreas livres de transgênicos, como em Mindoro Oriental, onde está em vigor uma legislação que proíbe o cultivo de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Em Jocotitlàn, no México, foi feito um enorme círculo com a palavra ‘NÃO’, numa exigência ao governo mexicano para rejeitar a proposta da Monsanto de suprimir uma moratória amplamente estabelecida no país contra o cultivo de milho transgênico. O governo mexicano deve decidir a qualquer momento sobre a permissão ou não de campos experimentais de milho transgênico no país.

Muitos dos efeitos de longo prazo dos transgênicos no solo, em animais, plantas e na saúde humana ainda são desconhecidos. A contaminação genética de plantações é uma realidade perturbadora em todos os países onde há cultivo de transgênicos, e a tecnologia continua a representar uma ameaça séria à biodiversidade, à segurança alimentar, à sobrevivência dos agricultores e ao direito de escolha dos consumidores.

O Greenpeace exige que:
* Governos de todo o mundo estabeleçam uma moratória contra qualquer nova semente ou plantação transgênica.
* Governos retirem autorizações vigentes tanto para cultivos comerciais quanto experimentais de transgênicos.
* As contaminações genéticas devem ser eliminadas, com os custos recaindo sobre empresas de biotecnologia como a Monsanto, de acordo com o princípio do poluidor-pagador.
* A CTNBio deve rejeitar os cinco pedidos de liberação comercial de milho e interromper imediatamente os campos experimentais existentes.
(Greenpeace, 03/10/2006)
http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/?conteudo_id=2954&sub_campanha=0

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