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2006-10-04
O governo da província paquistanesa de Punjab enfrenta debates e protestos desde que há um mês vem cortando eucaliptos na cidade de Lahore. Intermináveis filas de árvores são marcadas com cor vermelha, o que significa que logo serão vítimas das moto-serras. Muitos desses eucaliptos estão nas margens do canal que atravessa a cidade. Em meados de junho, o Departamento de Florestas e Proteção Ambiental de Punjab declararam que os eucaliptos eram “não amigáveis com o meio ambiente”, condenado oficialmente à morte esta espécie de árvores na província mais povoada do Paquistão. Também foi proibido plantá-la.

A Autoridade de Parques e Horticultura de Lahore já havia cortado 1,2 mil árvores. Prevê-se que outras, plantadas ao longo das ruas da cidade, desaparecerão em breve. Os eucaliptos reduzem a água subterrânea em uma proporção alarmante, segundo funcionários do governo provincial. No dia 22 de junho, nos principais jornais foi publicado um aviso condenado os eucaliptos, originários da Austrália, e incentivando a plantação de espécies autóctones. O anúncio, publicado pelos departamentos de Florestas e de Proteção Ambiental de Punjab, também culpava essa árvores de contribuir com a contaminação ambiental.

Mas os ambientalistas protestaram contra essa drástica medida. Também disseram que o governo não deveria cortar eucaliptos sem antes ter um substituto. Amjad Aslam, porta-voz para o Paquistão do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), disse que cortar árvores totalmente crescidas privará o país da pouca cobertura verde que tem. “O que o Fundo sugere é que os eucaliptos sejam eliminados gradualmente. As autoridades locais deveriam começar a plantar árvores autóctones ou plantas de expansão semelhante, além dos eucaliptos”, disse Aslam á Ásia Water Wire.

Aslam sugeriu árvores da variedades Neem, Arjum, Peepul, Amaltas, Burma e Sukchain, entre outras, como boas substitutas. Segundo disse, as novas árvores crescerão num período de três a cinco anos e tomarão o lugar dos eucaliptos, que podem ser abandonados a uma morte lenta, mas segura. Introduzido nessa parte do continente asiático pelos britânicos no final do século XIX, o eucalipto cresce rapidamente e pode passar de 90 metros de altura.

O subdiretor do Departamento de Florestas de Punjab, M. Amjad, disse que a árvore foi levada ao Paquistão para enfrentar os problemas de salinidade e inundações do país. Mais tarde, soube-se que se tratava de uma espécie que absorve muita água do solo. O advogado ambientalista Jawad Hassan concorda com Amjad, dizendo que os estudos revelaram os efeitos prejudiciais do eucalipto. “Como consome água subterrânea em excesso, as plantas vizinhas são privadas da quantidade necessária”, disse o representante para o Paquistão da União Mundial para a Natureza (UICN).

A experiência na vizinha Índia foi semelhante. Analisando o fracasso das plantações de eucalipto no Estado agrícola de Haryana, a Agência Sueca de Desenvolvimento Internacional informa que os agricultores cortaram ou arrancaram pela raíz plantações inteiras porque absorviam muita água, afetando a fertilidade dos solos e, por fim, a produção agrícola, produzindo madeira de qualidade inferior. No Paquistão, a campanha para plantar eucaliptos começou nos anos 90, quando a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (Usaid) financiava um projeto de planejamento florestal e desenvolvimento entre 1984 e 1993. com US$ 27,5 milhões em assistência, a agência apoiou a criação de um programa social de reflorestamento dentro do Serviço de Florestas do Paquistão.

A capacidade da árvore para sobreviver a condições adversas e seu rápido crescimento a convertem na mais adequada para o reflorestamento, assegurou o horticultor Mian Iftikhar, morador em Lahore. Embora não existam números exatos sobre os eucaliptos plantados nessa cidade, as estimativas falam em centenas de milhares. Segundo dados oficiais, aproximadamente 200 mil dessas árvores são consumidas por ano pela indústria de fósforo e câmaras de processamento de tabaco.

Fora isto, “o eucalipto é chamado ‘árvore sugerida pelos doadores’ por parte de muitas organizações não-governamentais”, disse Iftikhar. “Isto se deve ao fato de crescer rapidamente e cumprir o propósito de atender aos doadores que destinam milhões de dólares ao país em nome da plantação”, explicou. “Era mais fácil para os funcionários mostrar aos doadores que o eucalipto era cultivado em toda parte. Podiam demonstrar que os empréstimos concedidos pela Usaid eram gastos de modo eficiente”, explicou Iftikhar. Jawas disse que o Paquistão tem uma lei que desaprova as medidas que prejudicam o solo. “Pedimos ao governo que examine o assunto e impeça que se prejudique ainda mais as áreas cobertas com eucaliptos. Se o governo não agir como deve podemos, inclusive, tomar medidas legais”, acrescentou.
(Por Irfan Ahmed, Envolverde, 03/10/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=23094

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