Programa Tamar Pesca monitora conservação das tartarugas no Nordeste
2006-10-03
A Superintendência do Ibama no Rio Grande do Norte está desenvolvendo o Programa Tamar Pesca com o objetivo de monitorar a frota que realiza a pescaria espinheleira em águas territoriais brasileiras. O que se busca é uma melhor interação entre a conservação das tartarugas e o esforço pesqueiro sobre os estoques de atuns e afins no Atlântico Sul. “A modalidade de pesca realizada com espinhel de superfície é a principal causa da mortalidade das tartarugas marinhas”, informa Rodrigo Coluchi, biólogo do Projeto Tamar, responsável pelo Programa Tamar Pesca no Nordeste.
O Programa é realizado em parceria com a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (SEAP), que mantém o Programa Observador de Bordo, e com a Universidade Federal Rural de Pernambuco. Os observadores são biólogos, engenheiros de pesca e oceanógrafos que recebem treinamento durante 10 dias de instrutores do Projeto Tamar para identificar e tratar devidamente as espécies de tartarugas e peixes capturadas.
Cada barco, na grande maioria de bandeira estrangeira, leva dois observadores de bordo brasileiros para testemunhar a captura incidental das tartarugas, como também dos tubarões, entre outras espécies de alto valor comercial apanhadas muitas vezes de maneira predatória. O observador de bordo tem a obrigação de reportar a produção pesqueira dos barcos e repassar as informações para a SEAP e Ibama, que também elabora relatórios do tipo de produção que cada embarcação efetua. Os três principais portos de onde partem os observadores de bordo são os de Natal (RN), Santos (SP) e Itajaí (SC).
De setembro de 2004 a setembro de 2005, o Programa Tamar Pesca registrou no Nordeste a captura incidental de aproximadamente 200 tartarugas pela pescaria com espinhel, mediante a utilização de seis milhões de anzóis. O cabo aparelhado com espinhel tem entre 100 e 200 metros, comportando cerca de dois mil anzóis fixados em bóias.
A mortalidade das tartarugas ainda não está bem dimensionada. Há também o problema da queda na produtividade da pesca das espécies-alvo e da quebra dos apetrechos. O “Tamar Pesca” está possibilitando aos estudantes e professores das universidades o exame dos materiais das tartarugas. Há pesquisa genética, anatômica, e ainda estudos do tipo de alimentação das tartarugas, conforme cada espécie, segundo a área de ocorrência da captura.
Na região Sul, por exemplo, já foram capturados indivíduos que tinham a identificação de nascimento sob a guarda do Projeto Tamar. Os dados são utilizados para reforçar o trabalho de proteção das cinco espécies que vivem e se reproduzem no litoral do Brasil. ”Das sete espécies existentes no planeta, apenas duas não se encontram nos mares do Brasil: uma é da Austrália e a outra é endêmica à região do Golfo do México”, conta Rodrigo Coluchi.
(Por Cláudio Silva, Ibama, 02/10/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=4481