Moradores denunciam prática de ações criminosas de caçadores na Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã
2006-10-03
Na Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã, que compreende 318 mil hectares de quatro
municípios da Fronteira-Oeste, a maior parte de Livramento, podem ser encontrados exemplares
raros da fauna e flora nativas da região. A estimativa, porém, de que a população de capivaras
teria aumentado com a criação da APA não condiz com a realidade em algumas regiões. Moradores
das imediações do Passo da Catacumbas, por exemplo, denunciam que a espécie vem sendo
gradativamente dizimada por caçadores.
O comandante do 3º Pelotão Ambiental da Brigada Militar (BM), tenente Emílio Klüsiner, revela
que os caçadores agem de forma organizada e costumam monitorar a movimentação da polícia.
"Outra dificuldade são as múltiplas alternativas de acesso que eles têm para se deslocar numa
região de grande extensão territorial", afirma. Pecuaristas estabelecidos na APA apresentaram à
BM fotografias de filhotes de capivaras que acabaram morrendo à beira da água em conseqüência
de tiros.
O lugar é apontado como santuário ecológico, último refúgio de animais como o
bugio-preto, gralha azul, lontra, ema, jaguatirica, graxaim, seriemas, carnívoro mão-pelada,
gaviões carancho e chimango, e da águia moura. Para o representante da ONG Lobo Guará,
José Louis Sampaio, a APA não recebe a atenção devida por parte dos gestores. Os ecologistas
reclamam da falta de sinalização em pontos da APA, como na Ponte do Ibirapuitã, na BR 293, e
de controle e fiscalização ostensiva, além de projetos educativos para orientar as populações
que habitam a região. Sampaio disse que é preciso atacar esse tipo de agressão, oferecendo
mais condições para autoridades policiais agirem naquela área. Já os moradores manifestaram
disposição de colaborar com a BM, denunciando os agressores.
(Correio do Povo, 03/10/2006)
http://www.correiodopovo.com.br/edicaododia.asp