O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ampliou, neste ano, as áreas autorizadas para captura do pirarucu no Amazonas, peixe cuja pesca é proibida no estado. A técnica de manejo dessa espécie foi desenvolvida pelos ribeirinhos da Amazônia e é considerada símbolo do ideal de desenvolvimento sustentável da região.

Tradicionalmente, três regiões do estado fazem o manejo do pirarucu: comunidades no município de Fonte Boa, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá e na Reserva Extrativista Auati-Paraná. No ano passado, a quantidade total de peixes retirados por elas girou em torno de 7,3 mil. Neste ano, os pescadores familiares que preservam os lagos da região estão autorizados a capturar até 30 mil pirarucus (o que equivale a 1,2 mil toneladas do peixe).

“O número de pirurucus autorizados não pode ultrapassar 30% do total de peixes adultos [com tamanho igual ou superior a 1,5 metros]. Essa contagem é possível porque a espécie tem respiração aérea [vai à superfície da água para respirar]”, explicou o superintendente regional do Ibama, Henrique Pereira. Ele ressaltou que o manejo do pirarucu é uma pesca de baixo impacto. “No ano seguinte, refaz-se a contagem dos peixes para ver se a população se manteve ou cresceu”, completou.

Agora, a comunidade São João do Araçá, em Itacoatiara, conseguiu autorização para fazer a pesca experimental do pirarucu. De um lago com 200 pirarucus adultos, as 30 famílias que moram lá poderão retirar até 50 peixes. A atividade começará na segunda semana de outubro, quando técnicos do Ibama e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) estarão na localidade acompanhando o trabalho dos comunitários.
(Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 29/09/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/09/29/materia.2006-09-29.9000695206