Groenlândia, maior ilha do mundo, está encolhendo, segundo estudo norte-americano
2006-10-02
A maior ilha do mundo está encolhendo. Dados obtidos a partir de dois satélites da Nasa, a agência espacial norte-americana, mostram que a Groenlândia continua perdendo gelo para o mar em volume elevado e que a situação piorou nos últimos anos. De acordo com um estudo feito na Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, de abril de 2004 a abril de 2006 a Groenlândia perdeu massa de suas placas em uma taxa duas vezes e meia maior do que no biênio anterior. Os resultados foram publicados na edição atual da revista Nature.
Os autores da pesquisa, Isabella Velicogna e John Wahr, calcularam que a ilha, que pertence à Dinamarca, perdeu 68,3 trilhões de metros cúbicos de gelo no período analisado. Ou seja, em dois anos foi perdido um volume maior do que o do Lago Erie, um dos Grandes Lagos da América do Norte e 11º maior lago do mundo.
Um estudo anterior, feito na Universidade do Texas e publicado em agosto na revista Science, concluiu que a Groenlândia perdeu 23,7 trilhões de metros cúbicos anualmente entre 2002 e 2005.
A nova pesquisa indica a aceleração da perda de massa. Segundo os autores, as perdas aumentaram especialmente a partir de 2004. “As mudanças que estamos verificando são provavelmente um ótimo indicador das mudanças das condições climáticas na Groenlândia, especialmente na região sul”, disse Isabella em comunicado da Universidade do Colorado.
Análises feitas por diversos grupos de pesquisa indicam que as temperaturas no sul da ilha aumentaram em cerca de 2,4º C nas últimas duas décadas. Um estudo feito este ano por cientistas da Universidade do País de Gales indicou que os glaciares de Kangerdlugssaq e Helheim, no sudeste da Groenlândia, estão perdendo duas vezes mais gelo para o mar hoje do que há cinco anos.
A Groenlândia detém, na forma de gelo, 10% da água doce da Terra. Segundo Isabella e Wahr, se a ilha derretesse completamente o nível dos oceanos no planeta se elevaria em 6 metros.
A pesquisa publicada agora na Nature utilizou dados obtidos pelos satélites Grace (de Gravity Recovery and Climate Experiment), lançados em 2002 pela Nasa em parceria com a Agência Espacial Alemã. Cada satélite orbita a Terra 16 vezes ao dia, a 500 quilômetros de altitude. O objetivo da missão é medir alterações no campo gravitacional terrestre causados por mudanças na massa do planeta, em formações como geleiras, oceanos, lagos ou aqüíferos.
(Agência Fapesp, 02/10/2006)
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