Aeronaves da Brigada Militar começaram sexta-feira (29/09) a sobrevoar
fazendas nas margens dos rios Uruguai e Quaraí, na Fronteira Oeste.
A fiscalização em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) busca evitar o uso
irregular de bombas de levante e valas para captação de água em
lavouras de arroz, medidas para contornar a seca que reduziu em 70% o
nível de barragens.
Bombas de levante sem licença ou sem grades de proteção adequadas,
valas que desviam água dos leitos dos rios para dentro de propriedades
e poços sem autorização e outorga de uso estão no alvo da fiscalização
por terra e ar que agrega, ainda, equipes do 4º Pelotão Ambiental da
BM em Uruguaiana.
- Queremos saber, por exemplo, se as bombas de levante estão com
grades adequadas para evitar que alevinos e pequenos peixes sejam
sugados pelos tubos - diz o biólogo Maurício Vieira de Souza, chefe
do escritório do Ibama em Uruguaiana.
Outra preocupação é que o uso sem controle da água possa contribuir
para a redução do nível dos rios caso a estiagem não ceda espaço às
chuvas do El Niño, previsto por meteorologistas. Dados do Ibama
revelam que existem mais de 40 pontos de bombeamento de água
licenciados entre São Borja e Barra do Quaraí, mas o monitoramento
pode revelar pontos ilegais de captação.
Com os sobrevôos, a Brigada Militar também deve mapear poços
artesianos abertos nas propriedades rurais para irrigação. Eles
necessitam de autorização estadual para serem abertos e outorga
federal para serem usados, diz o tenente Moisés Goulart, do Pelotão
Ambiental.
Segundo o consultor técnico da Comissão de Recursos Hídricos da
Federação da Agricultura do RS (Farsul), Ivo Lessa Filho, a maioria
dos produtores está com o sistema de irrigação legalizado, mas ele
não descarta situações irregulares.
(Por Francisco Amorim, Zero Hora, 30/09/2006)