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2006-09-29
O número de cursos de doutorado dobrou nos últimos quatro anos no Amazonas, mas ainda continua aquém da demanda. Em 2002, o estado tinha cinco programas de doutorado e 20 de mestrado; neste ano, são 10 de doutorado e 31 de mestrado.

“Ainda não é suficiente, porque temos lacunas enormes, mas é um avanço que precisa ser reconhecido”, disse ontem (28/9) à Radiobrás a diretora técnico-científica da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas (Fapeam), Elisabete Brocki.

“Ainda não temos, por exemplo, nenhum curso em Antropologia ou Lingüística”, disse Elisabete Brocki. “E temos mais de 50 línguas diferentes, apenas no Amazonas. Algumas línguas já se perderam, sem que ninguém as registrasse, por falta de estudos na área”.

O censo da pós-graduação, realizado bienalmente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), revelou que a concentração de pesquisadores e doutores no Norte – a mais baixa do país – não tem se alterado significativamente. Em 2002, a região abrigava 5% dos pesquisadores e 3% dos doutores do Brasil. Em 2004, 5% dos 77,6 mil pesquisadores e 4% dos quase 48 mil doutores brasileiros viviam no Norte.

Elisabete Brocki afirmou que, entre 2002 e 2005, o número de doutores fixados no Amazonas aumentou 50%: passou de 433 para 652 pessoas. “Regionalmente, é um crescimento significativo, mas é difícil saber se afetará nossa posição nacional na distribuição desses recursos humanos qualificados, porque no restante do Brasil a pós-graduação também está crescendo”, afirmou.

A Fapeam foi criada em 2002, mas começou a funcionar no ano seguinte. Atualmente ela concede 195 bolsas de mestrado e de doutorado para programas sediados no Amazonas (seus valores individuais são de R$ 1.009 e 1.495, respectivamente). Para o coordenador Estudos Econômicos e Empresariais da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), José Alberto Machado, esses investimentos só são possíveis graças à arrecadação crescente de tributos estaduais no Pólo Industrial de Manaus.

“A principal fonte de recursos para pós-graduação no Amazonas é a Suframa [Superintendência da Zona Franca de Manaus], direta e indiretamente”, disse Machado. “De 2000 para cá, investimos em torno de R$ 14 milhões do nosso orçamento financiando diversos tipos de programas, entre eles, engenharia de produção, logística, biotecnologia, mecatrônica, desenvolvimento regional e doenças tropicais”.

O Banco da Amazônia (Basa) também apóia pesquisas científicas no estado – os projetos em execução somam cerca de R$ 7 milhões, segundo o gerente regional Antônio Carlos Benetti. "Gostaria de afirmar aqui que o Basa investe milhões em pós-graduação, mas não é esta a realidade”, ressaltou.

“Com o fim da Sudam [Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, extinta em 2001], o Basa decidiu destinar parte dos seus recursos para financiar pesquisas. Precisamos estudar agora a possibilidade de canalizar um tanto dessa verba para a concessão de bolsas de pós-graduação”.

Elisabete Brocki, José Alberto Machado e Antônio Carlos Benetti participaram da mesa-redonda Recursos Financeiros para a Pós-Graduação, realizada hoje durante o 1º Encontro de Pós-Graduação do Amazonas. O encontro, que começou na quarta-feira e termina hoje (29/9), é organizado pela Fapeam, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com a Universidade Federal do Amazonas e com a Universidade Estadual do Amazonas.
(Por Thaís Brianezi, Agência Brasil, 28/09/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/09/28/materia.2006-09-28.9152638273

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