MCT E CNPq avaliam rede de manejo e conservação de peixes da Amazônia
2006-09-29
Ontem e hoje (29/9) o Centro Universitário Nilton Lins realiza, em Manaus (AM), uma reunião entre os representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT) com pesquisadores da Rede Conservação e Manejo de Espécies de Peixes de Água Doce da Amazônia, também denominada Pro-Peixe. O objetivo é avaliar o desempenho científico e tecnológico dos cinco projetos que compõem a rede. Para isso, os pesquisadores farão exposições orais sobre cada trabalho.
A coordenadora da Rede e pesquisadora do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (LEEM/Inpa), Vera Val, explicou que o Pro-Peixe é formado por instituições como o Centro Universitário Nilton Lins, as universidades Federal do Pará (UFPA) e Estadual do Maranhão (Uema), a Uninorte e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), e teve início há dois meses e meio, com investimento de cerca de R$ 1,019 milhão.
A pesquisadora ressaltou que o objetivo desse grande projeto é analisar, geneticamente, os animais criados em cativeiros do Ceará, Maranhão, Pará e Amazonas, e compará-los com os que vivem em ambientes naturais. Isso porque está havendo uma quebra da variabilidade genética (capacidade natural que o animal tem para selecionar os genes mais resistentes), o que vem ocorrendo tanto ambiente natural quanto em artificial (cativeiros). Com isso, os pesquisadores querem determinar o que está acontecendo e encontrar alternativas para solucionar a questão. No homem, a variabilidade genética caracteriza-se pela determinação da cor dos olhos, cabelo, cor da pele, resistência a doenças etc.
“Um dos motivos que podem estar causando a diminuição da variabilidade genética nos peixes é a pesca excessiva sobre determinadas espécies de alto valor econômico, como o tambaqui, o pirarucu, a matrinxã e o tucunaré. Após conclusão das pesquisas queremos encontrar formas de garantir a produção e manutenção das populações e permitir a reposição dos animais ao seu habitat natural”, disse Vera Val.
Porém, segundo a pesquisadora, alcançar a meta traçada até o final da pesquisa, que durará 36 meses, não é tarefa fácil. Isso porque a manutenção do padrão de variabilidade em cativeiros é complicado, pois envolve o acasalamento aleatório, o qual permite a seleção natural de genes que já estão adaptados a ambientes modificados. Esse procedimento é comum somente em animais que vivem soltos. Ela afirmou que vencer esse obstáculo é a garantia de sucesso entre as gerações futuras, pois serão criados animais mais resistentes às mudanças ambientais e às próprias mudanças no ambiente artificial, consideradas as mais severas.
Para garantir o sucesso da rede, os pesquisadores farão uso das metodologias mais modernas disponíveis no mercado, como a utilização de microssatélites para monitorar as espécies mais exploradas. Além disso, utilizarão o que há de mais moderno na pesquisa molecular. O objetivo é criar bibliotecas de seqüências expressas de todos os genes expressos no organismo dos peixes. Para isso serão isolados o RNA total, sigla para ácido ribonucléico, que em sua composição é semelhante ao DNA (ácido desoxirribonucléico), formado por cadeias simples e moléculas de dimensões inferiores ao DNA.
A pesquisadora explicou que após isolarem o RNA, os mesmos serão transformados em CDNA, ou seja, que codificam algo dentro do organismo, os quais serão seqüênciados. O objetivo é encontrar diferenças entre adultos e jovens, como, por exemplo, saber se existem genes que se diferenciam sexualmente, como no caso do pirarucu. “Só é possível saber o sexo do pirarucu após ele se tornar um animal adulto. Quando conseguimos determinar isso ainda jovem é possível manejá-lo para a procriação. O trabalho pode ser utilizado por piscicultores”, afirmou.
Em relação à pesquisa molecular, o trabalho também pretende identificar os genes de crescimento e os resistentes a determinadas doenças. Com a informação, os pesquisadores poderão melhorar o manuseio e a taxa de crescimento dos animais. “Tudo que for expresso de diferenciação entre jovens e adultos e machos e fêmeas serão analisados como genes-alvos”, finalizou.
(Ministério de Ciência e Tecnologia, 28/09/2006)
http://agenciact.mct.gov.br/index.php/content/view/41588.html