Mais recente, outro mercado que tem potencial de crescimento, mas cuja oferta ainda é incerta é o da chamada "soja sustentável". O produto, que pode ser convencional ou transgênico, deve ser proveniente de propriedades onde não há desmatamento, não pode ser originado em áreas de grilagem ou proteção ambiental para ser certificado como sustentável. Outros requisitos são a não-utilização de trabalho infantil ou trabalho escravo e o controle rigoroso do uso de agroquímicos, etc. A rastreabilidade do grão, desde a propriedade até o destino, é outra exigência.
Antonio Carlos Caio da Silva, presidente da TÜV Rheinland Brasil, que certifica soja com o selo GrünPass, avalia que 5% a 6% da produção brasileira de grãos - estimada em cerca de 120 milhões de toneladas - poderiam ser certificadas como sustentável nos próximos dois anos.
Hoje, a demanda para a soja cultivada de forma sustentável está concentrada principalmente em países europeus como Suíça, Noruega, Alemanha, Suécia e Dinamarca. Ainda é difícil medir o tamanho desse mercado, afirma Silva, mas o executivo estima que não haja soja rastreada e certificada em volume suficiente para atender aos clientes europeus.
A Imcopa, por exemplo, esmagadora paranaense que utiliza a certificação ProTerra para assegurar a produção de forma sustentável, já tem pedido de clientes europeus para todas as 2,4 milhões de toneladas de soja que processa por ano para a fabricação de farelo para. Um sinal de que existe procura.
Mas Jochen Koester, diretor da Imcopa Europa, observa que há no Brasil um grande volume de soja que poderia ser certificada como sustentável, já que boa parte da produção está em áreas que atendem critérios ambientais e sociais. Ele concorda que é muito cedo para estimar o tamanho da demanda para a esse produto, já que o conceito de soja "responsável" é muito recente - foi criado em 2004.
Apesar das dificuldades de mensurar esse novo nicho de mercado, Silva, da TÜV Rheinland Brasil, diz que a meta da empresa é certificar 2 milhões de toneladas de soja sustentável entre este ano e 2009.
(Por Alda do Amaral Rocha,
Valor Econômico, 28/09/2006)