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2006-09-29
A Arcelor Brasil já pode emitir Certificados de Emissões Reduzidas (CER), conhecidos como certificados de créditos de carbono. A execução do projeto de recuperação de gases provenientes dos processos de fabricação do aço na Aciaria da CST-Arcelor Brasil, em Serra (ES), é o primeiro projeto de crédito de carbono do setor siderúrgico brasileiro validado e registrado no Comitê Executivo das Nações Unidas (UNFCCC). O processo industrial da CST-Arcelor Brasil tem potencial de gerar como crédito, no prazo de dez anos, 430 mil toneladas de CO2 com a redução nas emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Os gases da Aciaria são reaproveitados, desde o final de 2004, ara a co-geração de energia elétrica, quando passaram a ser utilizadas nas Centrais Termoelétricas da siderurgia, que possuem uma capacidade instalada de 286 MW.

A Arcelor Brasil também desenvolve mais quatro projetos relacionados ao crédito de carbono, nas áreas de uso de biomassa renovável (carvão vegetal) e logística. A estimativa da companhia é de que os cinco projetos de crédito de carbono possam gerar cerca de 11 milhões de toneladas de CO2 ao longo de um período de dez anos. Todos estes projetos da Arcelor Brasil estão diretamente inseridos no programa de sustentabilidade do Grupo, cuja gestão corporativa na área ambiental avalia e analisa novos investimentos levando-se em consideração não apenas os riscos, oportunidades e a legislação ambiental como também assegura a melhoria contínua de processos, proporcionando a redução ou eliminação dos impactos ambientais.

Descrição dos projetos
A CST-Arcelor Brasil finaliza, em setembro, as obras do Terminal de Barcaças, que está sendo construído para o transporte marítimo de bobinas a quente para a Vega do Sul-Arcelor Brasil, em Santa Catarina, no sul do país. O deslocamento da carga via transporte marítimo vai contribuir para a redução das emissões de GEE provenientes da queima de combustíveis por via rodoviária. A metodologia do projeto de crédito de carbono está sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Totum e a estimativa é que sejam gerados 640 mil toneladas em créditos de carbono, no prazo de dez anos.

Na Belgo-Arcelor Brasil, três projetos integrados deverão gerar como crédito cerca de 9,5 milhões de toneladas de CO2, de 2008 a 2015: a construção de dois altos-fornos a carvão vegetal na Usina de Juiz de Fora (MG); além dos Programas Produtor Florestal (PPF) e das Unidades de Produção de Carvão (UPCs).

O Programa Florestal vai suprir de carvão vegetal os dois altos-fornos através da formação de novas florestas em áreas próprias da CAF e via Programa Produtor Florestal. A substituição de pastagens degradadas por plantios de florestas de eucalipto nas propriedades rurais dos parceiros florestais, reduzirá a emissão de CO2; isto porque a floresta nova capta e retém CO2, ao mesmo tempo em que os altos-fornos vão reduzir a emissão de CO2.

O Consumo Sustentável de Carvão Vegetal é a ponte entre a produção de eucalipto e a operação dos alto-fornos. Trata-se da transformação dos eucaliptos em carvão vegetal nas Unidades de Produção de Carvão (UPCs), onde existe um dispositivo de queima de metano para cada quatro fornos, reduzindo consideravelmente o acúmulo dos GEE na atmosfera. Serão investidos em torno de R$ 90 milhões em Juiz de Fora na formação e manutenção de novas florestas e na construção de UPCs, que terão condições de produzir 125.000 toneladas anuais de carvão vegetal.

O que é o crédito de carbono?
- Para tentar solucionar problemas como o gradual aumento da temperatura da Terra e os respectivos impactos provocados pela emissão crescente de Gases do Efeito Estufa (GEE), representantes de vários países assinaram, em 1997, no Japão, o Protocolo de Quioto, em vigor desde fevereiro de 2005, após a ratificação de 141 países, quando passa a ser denominado Tratado de Kyoto.

- O tratado estabelece metas de redução de emissões de gases poluentes para seus signatários industrializados listados no Anexo 1 do Protocolo (países integrantes da União Européia, do Leste Europeu, Canadá, Croácia, Grécia, Islândia, Japão, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Mônaco, Nova Zelândia, Países Baixos, Romênia, Suécia, Suíça, Turquia, Ucrânia e Estados Unidos). Os EUA, no entanto, não ratificaram o protocolo até o momento.

- Para esses países, a meta é reduzir as emissões de GEE, entre 2008 e 2012, alcançando uma taxa média 5,2% menor do que as emissões registradas em 1990.

- Foram criados mecanismos de flexibilização entre os países para facilitar o atendimento das metas de redução. Com isso, surgiu o Crédito de Carbono, que são as reduções de GEE obtidas e passíveis de serem comercializadas, permitindo a compra e venda de cotas. Os certificados podem ser obtidos em projetos como os da Arcelor Brasil, enquadrados na categoria Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), voltados para a redução de emissões (reflorestamento) ou para evitar que elas ocorram (geração de energia limpa). O MDL é um dispositivo criado pelo Protocolo de Quioto permitindo aos países do Anexo 1 investirem em outras nações com projetos de redução do efeito estufa, caso do Brasil.

- Para obter os certificados, no entanto, existe uma série de etapas que a empresa deve cumprir, desde a elaboração do Documento de Projeto (PDD), passando pelas fases de “Metodologia”, “Validação”, “Registro”, “Monitoramento”, “Verificação” e “Certificação” até chegar à emissão dos Certificados de Emissões Reduzidas (CER), aprovada por uma comissão gerenciada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
(Envolverde, 28/09/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=22973&edt=34

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