Apesar de ter saído aos 12 anos da zona rural de Lajeado para morar na cidade, a advogada Denair Inês Guzon, 43 anos, garante que nunca esqueceu sua ligação com a natureza. Hoje, vivendo em meio dos edifícios e asfalto da Capital, descobriu uma forma de ensinar seu filho Rodolfo, oito anos, a ter o mesmo amor pelo ambiente.
A advogada é uma das primeiras moradoras da Capital a adotar uma das 10 mil mudas que estão sendo plantadas pela prefeitura. Até ontem (28/09), o site da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) registrou 44 pessoas interessadas em tomar conta de uma árvore.
Logo que soube da possibilidade de cuidar de uma muda plantada nas ruas, Denair teve uma longa conversa com seu filho, o suficiente para ela se convencer a não apenas adotar uma muda. A advogada entrou no site da Smam e se cadastrou para cuidar de duas pequenas árvores - um ipê-roxo e uma pata-de-vaca -, cultivadas em frente ao prédio onde mora, no bairro Santo Antônio.
- É primordial a ligação do homem com a natureza, por todo o contexto social e ecológico em que vivemos. Mas principalmente temos de amenizar um pouco esse clima de selva de pedra que vivem as crianças. Quem sabe, um dia meus netos venham aqui e saibam que contribuí um pouco para um bom futuro - diz Denair.
Da mesma forma, a professora Ana Bazzo, 51 anos, acredita que sua iniciativa de adotar uma muda de quaresmeira é uma bela maneira de os adultos demonstrarem seu carinho pela cidade. Por muitos anos, Ana quis plantar um flamboyant em frente de sua casa, no bairro Cidade Baixa. Mas como a rua onde mora - Lopo Gonçalves - é estreita, não era possível o cultivo dessa planta, de grande porte.
- É ótimo poder cuidar diretamente de uma árvore. É um jeito de humanizar a cidade, no meio desse mundo de concreto - afirma a professora.
Na Avenida A. J. Renner, as quatro mudas de araçá plantadas entre as dezenas de fábricas que margeiam a via estarão sob vigilância do industriário Marco Aurélio Guimarães Maestri, 54 anos. Da janela de sua sala, ele consegue enxergar o canteiro onde está a sua árvore adotiva. E, como há outras três da mesma espécie nas proximidades, ele se comprometeu informalmente em cuidá-las.
- Chego diariamente às 7h. Tenho tempo para me dedicar a elas antes de começar o horário comercial - diz Maestri, prometendo arregimentar colegas para adotar as outras três.
(Por Gustavo Souza,
Zero Hora, 29/09/2006)