Representantes da Rede de Organizações Ambientalistas do Paraguai, a Rede Rural de Organizações Privadas de Desenvolvimento, a Aliança de ONGs para a Produção Agroecológica e Comercialização Diferenciada e a Rede de Ação em Praguicidas e suas Alternativas para a América Latina (RAPAL) enviaram uma nota ao Presidente da República, Nicanor Duarte Frutos, através da qual solicitaram não permitir a liberação de sementes de algodão transgênico. Também pediram que o governo, através do Ministério da Agricultura e Pecuária e Secretaria do Ambiente, tome uma posição favorável aos pequenos produtores camponeses, que, em grande número, se manifestam contra os cultivos extensivos, que prejudicam suas comunidades e afetam sua saúde e a população paraguaia em geral.
"É inconcebível para a dignidade de nosso povo que empresas multinacionais condicionem e pressionem para a adoção de tecnologias, cujas "bondades e conveniências econômicas" têm sido demonstradas em outros países que respondem exclusivamente a finalidades comerciais privadas, em prejuízo do setor produtivo", declaram as entidades.
Atualmente, existem tentativas de experimentação de dois tipos de algodão transgênico, denominados Bt e RR, como a solução para os países pobres, por sua resistência às pragas e porque reduziria o uso de inseticidas. No entanto, tem-se comprovado em países como o México que nunca foram solucionados os problemas dos pulgões (KY), e os agricultores não puderam reduzir o uso de inseticidas.
Igualmente, na província argentina do Chaco, o aumento de faturamento devido ao maior rendimento do algodão BT não cobre os maiores custos que traz este pacote tecnológico (sementes e inseticidas). Também no que se refere ao algodão transgênico RR, o emprego massivo do glifosato fará com que apareçam, no curto prazo (três a quatro anos), pragas resistentes, impossíveis de controlar.
A nota acrescenta que aos efeitos nocivos sobre a qualidade de vida da população rural, aos riscos para a saúde humana, para a segurança alimentar e aos danos à biodiversidade, soma-se que a tecnologia de cultivo transgênico é mais custosa do que o cultivo do algodão convencional, pois os supostos aumentos e ganhos devidos a um maior rendimento possível seriam absorvidos pelo custo da semente, que é de três a dez vezes mais cara e prende o agricultor a um contrato com a empresa, que o fará pagar um imposto e o impedirá de guardar sua semente.
"Estas argumentações nos movem a manifestar nossa oposição à utilização de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) e, em particular, ao algodão transgênico, que se pretende cultivar, atualmente, no território nacional, de forma ilegal", assinalam as entidades.
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Adital, 28/09/2006)