Transgênicos prejudicam comunidades latinas
2006-09-29
Representantes da Rede de Organizações Ambientalistas do Paraguai, a Rede Rural de
Organizações Privadas de Desenvolvimento, a Aliança de ONGs para a Produção
Agroecológica e Comercialização Diferenciada e a Rede de Ação em Praguicidas e suas
Alternativas para a América Latina (RAPAL) enviaram uma nota ao Presidente da República,
Nicanor Duarte Frutos, através da qual solicitaram não permitir a liberação de sementes
de algodão transgênico. Também pediram que o governo, através do Ministério da
Agricultura ePecuária e a Secretaria do Ambiente, tome uma posição favorável aos
pequenos produtores camponeses, que, em grande número, se manifestam contra os cultivos
extensivos, que prejudicam suas comunidades e afetam sua saúde e a população paraguaia
em geral.
"É inconcebível para a dignidade de nosso povo que empresas multinacionais condicionem e
pressionem para a adoção de tecnologias, cujas "bondades e conveniências econômicas" têm
sido demonstradas em outros países que respondem exclusivamente a finalidades comerciais
privadas, em prejuízo do setor produtivo", declaram as entidades.
Atualmente, se quer experimentar dois tipos de algodão transgênico, denominados Bt e RR,
como a solução para os países pobres, por sua resistência às pragas e porque reduziria o
uso de inseticidas. No entanto, tem se comprovado em países como o México que nunca
foram solucionados os problemas dos pulgões (KY) e os agricultores não puderam reduzir o
uso de inseticidas.
Igualmente, na província argentina do Chaco, o aumento de faturamento devido ao maior
rendimento do algodão BT não cobre os maiores custos que traz este pacote tecnológico
(sementes e inseticidas). Também no que se refere ao algodão transgênico RR, o emprego
massivo do glifosato, fará com que apareçam, no curto prazo (três a quatro anos) pragas
resistentes, impossíveis de controlar.
A nota acrescenta que aos efeitos nocivos sobre a qualidade de vida da população rural,
os riscos para a saúde humana, a segurança alimentar e os danos à biodiversidade, se
soma que a tecnologia de cultivo transgênico é mais custosa que o cultivo do algodão
convencional, pois os supostos aumentos e ganhos devido a um maior rendimento possível,
seriam absorvidos pelo custo da semente, que é de três a 10 vezes mais custosa e prende
o agricultor a um contrato com a empresa que o fará pagar um imposto e o impedirá de
guardar sua semente.
"Estas argumentações nos movem a manifestar nossa oposição à utilização de Organismos
Geneticamente Modificados (OGM) e, em particular, ao algodão transgênico, que se
pretende cultivar, atualmente, no território nacional, de forma ilegal", assinalam as
entidades.
(Adital, 28/09/2006)
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=24653