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2006-09-29
As casas de 1,5 mil famílias do Norte de Portugal serão iluminados pelas ondas do Atlântico. Os primeiros 2,25 megawatts de energia elétrica produzidos pela força do oceano chegarão a partir de outubro em Aguçadoura, na costa setentrional do país. A energia chegará por meio de um cabo submarino que entrará diretamente na rede nacional de distribuição da estatal Eletricidade de Portugal (EDP). É uma quantidade modesta, mas é a etapa inaugural da “primeira central energética do mundo a usar as ondas como fonte de energia renovável”, explicou à IPS o engenheiro Rui Barros, diretor e responsável do setor de novas atividades da Enersis, a firma ibérica líder no setor de energia renováveis, com vasta experiência no uso de fontes hidráulicas, fotovoltaicas, eólicas geotérmicas e de biomassa.

Após dez anos de árdua pesquisa, que contou com apoio financeiro da União Européia e a experiência de duas décadas de estudos feitos pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, a “execução deste projeto iniciado em 2003 agora é uma vanguarda em nível mundial”, disse o executivo. Barros se mostra convencido de que, “de todas as energias renováveis, talvez, a gerada pelas ondas seja a única em que Portugal possa ter um futuro, desde que saiba antecipar-se aos países concorrentes no que atualmente é uma verdadeira guerra tecnológica”. Seguir adiante no desenvolvimento deste setor “é um dos objetivos da Enersis nos próximos anos, e não somente no mercado nacional”, disse o engenheiro.

As estimativas da Secretaria de Estado de Indústria e Inovação de Portugal, mostram que a produção de energia a partir das ondas oceânicas pode adquirir nos próximos 40 anos um valor correspondente a 30% do atual produto interno bruto, de 130,033 bilhões de euros (US$ 166,450 bilhões). Estas previsões coincidem com as divulgadas em agosto por Antonio Sarmento, diretor do Centro de Energia das Ondas, de que Portugal poderia conquistar uma cota de 10% do mercado mundial dessa tecnologia e dos equipamentos para a construção deste tipo de central, calculada em cerca de US$ 385 milhões.

O projeto de Aguçadoura começou durante a última primavera boreal, com o anúncio de uma primeira fase da produção comercial do uso das ondas do oceano como fonte renovável, uma data que coincide com o começo das atividades da Empresa Nacional de Eletricidade (Enel) italiana, que também passou a usar o mar para captar energia. Mas enquanto os portugueses aproveitam as ondas do Oceano Atlântico, mais altas e potentes do que as do Mar Mediterrâneo, o projeto italiano capta a energia das fortes correntes marinhas do Estreito de Messina, que separa a ilha de Sicília do resto da península dos Apeninos.

Por encomenda da Enersis, a central energética portuguesa foi projetada e construída a oito quilômetros da costa de Aguçadoura pela Ocean Power Delivery (OPD), porque, segundo explicou Barros, essa empresa escocesa “opera desde 1997 neste mercado, onde alcançou um nível de know-how sem rivais no mundo”. A primeira fase de montagem das estruturas aconteceu nos estaleiros navais portugueses de Peniche, 120 quilômetros ao norte de Lisboa, onde foram construídos dois enormes tubos, chamados de “Pelamos”, com 142 metros de comprimento por 3,5 metros de diâmetro. Esses cilindros foram colocados a oito quilômetros do litoral para captar a energia das ondas, que depois segue para terra firme por meio de cabos submarinos.

As estruturas tubulares flutuam e balançam semi-submersas, divididas em três seções e unidas entre si por dois anéis com juntas com buracos de entrada, em um conjunto chamado módulo de conversão energética. No interior deste módulo existe um sistema de bombas hidráulicas de alta pressão, que são ativadas pelo movimento transmitido pelas ondas à estrutura tubular. Está ação do sistema hidráulico faz movimentar os três geradores, que, em plena atividade, produzem 750 quilowatts de energia elétrica que, numa primeira fase, é acumulada e em seguida enviada pelos cabos submarinos até a costa, onde entra na rede da EDP.

As ondas fazem os “pelamos” balançarem, levando à uma variação contínua do ângulo de abertura das juntas dos anéis, e seu movimento é usado pelos geradores para converter a energia cinética em eletricidade. Os argumentos a favor do desenvolvimento deste tipo de energia tipo de energia revelam várias vantagens adicionais ao sofisticado desenvolvimento tecnológico de Portugal neste setor, derivadas da situação geográfica do país. As intensas ondas do Atlântico e a possibilidade de prever a força e o tamanho das ondas com até seis dias de antecipação fazem com que seja pouco complicado programar os níveis de produção de energia. Essa é a maior vantagem apontada pelos defensores do desenvolvimento desta fonte alternativa.

Especialistas em fontes renováveis calculam que, devido a estas características, uma central energética de ondas marítimas em Portugal pode produzir uma quantidade de eletricidade três vezes maior do que a de um parque eólico equivalente em investimento. Apesar de ser um país com abundância de sol e vento, as energias solar e eólica eram usadas em níveis muito modestos, de 1,6 megawatts (unidade de potência equivalente a um milhão de watts) usados quase que exclusivamente na produção de eletricidade para consumo doméstico e de pequenas empresas. Mas em abril de 2004, Portugal deu os primeiros passos no sentido de mudar radicalmente a situação, iniciando a construção de cem hectares de painéis solares com capacidade de produzir 64 megawatts.

Ao converter raios solares em 64 milhões de watts, o projeto português terá uma dimensão 12 vezes superior à maior central solar existente no mundo, localizada na Alemanha e que produz cinco megawatts. Em energia eólica, até 2004 Portugal estava entre os últimos países da União Européia, com produção quase simbólica. Mas entre 2004 e 2006 foram construídos vários parques eólicos em seu território, com dez milhões de habitantes. Atualmente, produz 500 megawatts, colocando-se em terceiro lugar, atrás de Alemanha com 1.808 megawatts e Espanha com 1.764 megawatts. Mas superando a Itália, que produz 452 megawatts.

Após a decisão de colocar os painéis solares há dois anos e o notório incremento dos parques eólicos, agora surge como parte de uma nova política energética o projeto-piloto desta primeira central oceânica. “Se o governo não atrasar as licenças, prevemos continuar com a instalação de outras 28 estruturas tubulares no prazo de um ano, para, assim, chegar à potência de 22,5 megawatts”, explica Barros. Para completar o projeto com as demais centrais, estima-se que será necessário investimento entre US$ 90 milhões e US$ 98 milhões, 15% dos quais oriundos de fundos públicos e o restante obtido através de financiamentos bancários e pela sociedade estabelecida entre a britânica OPD e a portuguesa Enersis.

Cumprida essa meta, será possível atender o consumo de 15 mil famílias, com uma conseqüente “economia de emissões de dióxido de carbono na atmosfera equivalentes a 60 mil toneladas por ano”, revelou o engenheiro. Para este tipo de energia, a autoridade portuguesa do setor estabeleceu que a EDP apoiará os produtores da Enersis como compensação pelos esforços financeiros dedicados a um investimento considerado de alto risco, porque, segundo Barros, “até agora nunca ninguém conseguiu vender energia produzida pelas ondas”.
(Por Mario de Queiroz, Envolverde, 28/09/2006)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=22963&edt=1

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