Atividades intensificam cerco a crimes do agronegócio no Brasil
2006-09-28
Uma vigília realizada, na última segunda-feira (25/9), em frente à empresa de
produtos químicos Nortox, situada no município de Arapongas, Estado do Paraná, intensifica
as atividades da campanha de combate aos crimes do agronegócio e da Bancada Ruralista,
iniciada há mais de uma semana pela Via Campesina, Fórum Nacional pela Reforma Agrária e
Justiça no Campo e Coordenação dos Movimentos Sociais.
A vigília reuniu 100 trabalhadores agrícolas da Via Campesina e do assentamento Dorcelina
Falador. Os agricultores pediram à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e ao
Ministério Público do Paraná que investiguem se a empresa cumpre as normas ambientais e de
saúde referentes à produção de agrotóxicos.
As ações da campanha estão centradas no deputado federal Aberlardo Lupion e seu suposto
envolvimento com grandes empresas como a Nortox e a Monsanto. Lupion, que é candidato à
reeleição, teria aceitado favores das empresas e, em troca, beneficiaria as mesmas, vetando
ou aprovando projetos de seus interesses.
De acordo com a coordenação da campanha, a Nortox teria contribuído com R$ 50 mil para o
caixa de campanha de 2002 do deputado, com o objetivo de flexibilizar a utilização de
agrotóxicos no Brasil.
Da mesma forma, a Monsanto teria feito doações à fazenda Santa Rita, em Santo Antônio da
Platina, em troca de lobby no Congresso Nacional para a aprovação de emenda que autorizou o
uso do glifosato como herbicida na cultura da soja geneticamente modificada, para a safra
2004/2005. "Cinco meses antes da aprovação da emenda, o deputado negociou a compra da
fazenda de 145 alqueires por R$ 690 mil, um preço três vezes inferior ao seu verdadeiro
valor de mercado", afirma a coordenação.
Em 2003, a Monsanto e a Nortox foram acusadas de dividirem apenas entre elas o mercado do
glifosato. Um parecer de 26 de agosto de 2004, elaborado pela Secretaria de Acompanhamento
Econômico, do Ministério da Fazenda, detalha a atuação das empresas. Segundo o documento,
Monsanto e Nortox estão "virtualmente integradas" e são as únicas a produzirem, no Brasil,
ácido de glifosato. As demais empresas que vendem o herbicida no país precisam adquirir a
substância no exterior ou comprar o produto da Monsanto, segundo o Ministério da Fazenda.
Enquanto isso, cerca de 300 pessoas continuam acampadas próximas à entrada da fazenda que o
parlamentar mantém em Santo Antônio da Platina, interior paranaense. De acordo com a
coordenação estadual da Via Campesina, o objetivo é manter o acampamento por tempo
indeterminado, com o objetivo de chamar a atenção de toda a sociedade para as sérias
conseqüências geradas com a presença do agronegócio no Brasil.
(Adital, 26/09/2006)
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=24604